O artista plástico Frans Krajcberg, falecido no Rio de Janeiro, em 15/11/2017, é uma perda para o mundo das artes visuais e para todos aqueles que defendem a vida.

Sua obra alerta para a força e beleza indomável dos elementos naturais por meio de um admirável impacto estético pela harmonia e equilíbrio de muitas das formas criadas.

Nascido na Polônia em 1921, ele veio para o Brasil em 1940. Serviu como soldado na II Guerra Mundial, quando perdeu toda a família, e conheceu os horrores de um campo de concentração.

Seus trabalhos anunciam que a natureza, por mais que seja destruída continuamente, renova as suas forças para continuar a existir.

Do carvão e cinzas das queimadas, por exemplo, surgiram desenhos vigorosos, seja na forma de manchas ou de folhas secas e mortas. Sua obra é um manifesto de defesa da vida.

Cada trabalho expressa o poder da natureza de gerar seres dos quais nem o ser humano é capaz de imaginar. Criadora, conservadora de si mesma e túmulo de segredos, a natureza é o ponto de partida e de chegada do artista.

Krajcberg viu a natureza como um templo em que as árvores são gigantescos pilares, indicadores de portais para o desconhecido que exigem do homem humildade para serem minimamente desvendados.

Seu legado avisa que, por mais que a ciência e a tecnologia avancem, é da delicadeza e da sensibilidade que o ser humano retira sua matéria-prima

*Doutor em Educação, Arte e História da Cultura