Ele foi lateral, virou auxiliar quando parou de jogar e depois tornou-se técnico de um grande clube. A descrição vale para Fábio Carille, lateral-esquerdo nos tempos de jogador, que assumiu o Corinthians após ser auxiliar do clube por oito anos. E vale também para Alberto Valentim, que atuava na lateral direita e hoje comanda o Palmeiras, onde foi assistente de seis treinadores em pouco mais de quatro anos de trabalho.
Símbolos da nova geração de treinadores que está começando a ganhar espaço nos principais clubes do Brasil, os dois são amigos e vão se enfrentar no importante Dérbi de hoje, 5, que colocará o líder e o vice-líder do Brasileirão frente a frente em Itaquera. A vantagem é do Corinthians, que tem cinco pontos a mais que o Palmeiras faltando sete rodadas para o fim do torneio.
“Admiro muito o Carille. Em um passado recente, quando éramos auxiliares, batemos um papo sobre futebol a convite meu. Ficamos três horas e meia conversando numa pizzaria, trocando ideias sobre treinos, sobre o que pensávamos. É um cara espetacular e está mostrando sua qualidade como treinador” contou Valentim, que hoje tem 44 anos.
“É um grande amigo, já nos encontramos algumas vezes para falar de futebol. Que ele tenha sorte no futebol” emendou Carille, dois anos mais velho que o colega.
Na trajetória como técnico, Carille leva vantagem. Interino em dois curtos períodos, após as saídas de Mano Menezes (2010) e Cristovão Borges (2016), foi efetivado no cargo no início de 2017 e já colocou o título do Paulistão no currículo. Um dos jogos mais emblemáticos da campanha foi justamente contra o Palmeiras, em Itaquera: vitória por 1 a 0 mesmo jogando com um a menos desde o primeiro tempo, graças à expulsão equivocada de Gabriel.
Valentim ainda não conquistou títulos na função. Todos os seus 15 jogos no comando do Palmeiras, incluindo os quatro após a saída de Cuca, foram na condição de interino.
Na única experiência como treinador efetivo, Alberto não conseguiu levar o Red Bull aos mata-matas do Paulistão deste ano. No confronto direto com Carille, porém, fez bonito: empate por 1 a 1 na Arena Corinthians – de acordo com a súmula do árbitro, ele levou uma voadora de Walmir Cruz, preparador físico do Timão, após um bate-boca no fim do jogo.
Como jogador, o atual treinador do Verdão teve mais sucesso. Começou no Guarani, passou por clubes grandes como São Paulo, Cruzeiro e Flamengo e atuou por quase nove anos na Série A italiana, por Udinese e Siena. No Atlético-PR, onde teve três passagens, se aposentou e iniciou a trajetória como auxiliar, virou ídolo da torcida e teve alguns duelos com o lateral-esquerdo Carille, primeiro pelo Paraná e depois pelo Coritiba.
“Se não me engano, o Carille jogou no meu primeiro Atletiba, em que fizemos gol com Oséas no final. Conseguimos essa vitória na antiga Baixada. É o que me lembro em relação a ele” disse o palmeirense.
“Joguei mais que o Valentim, mas dei azar, ele deu sorte (risos). Joguei com ele algumas vezes. Os primeiros confrontos foram Paraná e Atlético-PR. Eu era o lateral-esquerdo e ele o direito. Nosso time era muito bom. Ele foi um excelente jogador. Pelas minhas deficiências físicas, eu cheguei longe demais como atleta. Cheguei pela boa leitura. Não tive base, talvez por isso não cheguei melhor” completou o corintiano.