A menina Isabelly Barbosa Vieira, de 7 anos, que há 20 dias estava hospitalizada em Marília com quadro de meningococcemia, não resistiu e morreu na noite desta terça-feira (7). O seu caso comoveu a cidade, sobretudo por se tratar de uma criança e pela intensidade da doença.
Isabelly apresentou os sintomas iniciais da doença, que foram identificados na Santa Casa de Adamantina. Devido ao seu quadro clínico, foi transferida para o Hospital Materno Infantil de Marília em 17 de outubro, onde permaneceu internada. Pelas redes sociais foi realizada até mesmo uma mobilização por doações de sangue.
Isabelly era aluna da Escola Municipal Eurico Leite de Moraes, localizada no Jardim Adamantina. Seu óbito foi registrado por volta das 20h30 desta terça-feira.
Velório
O corpo da criança precisou ser submetido aos procedimentos de liberação, o que ocorreu na manhã desta quarta-feira (8). A pouco, a Funerária Flor de Lotus divulgou que a previsão é de que o velório ocorra a partir das 15h, no Velório da Saudade, e o sepultamento ainda hoje, às 16h30, no cemitério local.
Medidas adotadas pela Secretaria Municipal de Saúde
Depois de noticiado sobre o caso, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou nota à imprensa, dia 23 de outubro, com informações complementares sobre a doença e as medidas que foram tomadas em relação ao caso.
Segundo a nota, a equipe da Secretaria Municipal de Saúde seguiu as orientações do Grupos de Vigilância Epidemiológica (GVE) de Marília e realizou a quimioprofilaxia (tratamento profilático com antibióticos) nas crianças da classe e nos professores da sala, na família e alguns parentes que tiveram contato próximo com a criança.
Em relação à escola, a nota da Secretaria Municipal de Saúde informou não haver necessidade de fechamento, pois a transmissão é por secreção respiratória. Ainda segundo a nota, a direção da escola foi orientada a ficar alerta em relação às as crianças, para que fosse procurada uma unidade básica de saúde diante de qualquer sintoma.
Nota da Secretaria Municipal de Saúde (1)
A doença meningocócica é uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal, causada pela Neisseria meningitidis. Esta bactéria pode causar inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central (meningite) e infecção generalizada (meningococcemia). Existem 13 sorogrupos identificados de N. meningitidis, porém os que mais freqüentemente causam doença são o A, o B, o C, o Y e o W135.
Estima-se a ocorrência de pelo menos 500 mil casos de doença meningocócica por ano no mundo, com cerca de 50 mil óbitos. É uma doença de evolução rápida e com alta letalidade, que varia de 7 até 70%. Mesmo em países com assistência médica adequada, a meningococcemia pode ter uma letalidade de até 40%. Geralmente acomete crianças e adultos jovens, mas em situações epidêmicas, a doença pode atingir pessoas de todas as faixas etárias.
O ser humano é o único hospedeiro natural da N. meningitidis. Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são portadores assintomáticos da bactéria na orofaringe (“garganta”) e podem transmitir a bactéria, mesmo sem adoecer. A bactéria é transmitida de uma pessoa para outra pela secreção respiratória (gotículas de saliva, espirro, tosse). Geralmente, após a transmissão, a bactéria permanece na orofaringe do indivíduo receptor por curto período e acaba sendo eliminada pelos próprios mecanismos de defesa do organismo. Desta forma, a condição de portador assintomático tende a ser transitória, embora possa se estender por períodos prolongados de meses a até mais de um ano.
Em menos de 1% dos indivíduos infectados, contudo, a bactéria consegue penetrar na mucosa respiratória e atinge a corrente sanguínea levando ao aparecimento da doença meningocócica. A invasão geralmente ocorre nos primeiros cinco dias após o contágio. Os fatores que determinam o aparecimento de doença invasiva ainda não são totalmente esclarecidos.
O risco de doença meningocócica é mais significativo apenas para pessoas que tiveram contato muito próximo com uma pessoa infectada (portadora assintomática ou doente). Quando se detecta um novo caso (doente), admite-se que entre seus contactantes próximos, possam existir um ou mais portadores assintomáticos e, eventualmente, um outro indivíduo susceptível, que à semelhança do doente já identificado, possa adoecer gravemente (“vítima potencial”). A prevenção imediata da ocorrência de novos casos é feita através do tratamento profilático com antibióticos (quimioprofilaxia) de todos os contactantes próximos do indivíduo doente, visando à eliminação da bactéria da nasofaringe dos portadores (Nota distribuída à imprensa em 23 de outubro, pela Secretaria Municipal de Saúde de Adamantina).