Corinthians superou desconfianças, calou críticos e, com os títulos paulista e brasileiro, provou que não era a quarta força de São Paulo, como parecia no início de 2017. Porém, mais difícil do que chegar ao topo é se manter lá, e o Timão tem desafios pela frente para conseguir este feito na próxima temporada.
Fábio Carille tem em mãos uma grande equipe, mas carece de reservas à altura dos titulares. Dizer isso logo depois da partida contra o Flamengo soa oportunista, mas esta análise não se baseia na derrota do último domingo por 3 a 0, quando quatro titulares não jogaram (Fagner, Arana, Rodriguinho e Clayson).
É fato que na Ilha do Urubu Marciel foi abaixo do que pode, Fellipe Bastos esteve mal e Marquinhos Gabriel criou pouquíssimo. Mas é preciso fazer uma série de ponderações: o desentrosamento, o baixo rendimento coletivo, a ressaca pós-título…
A constatação de que o Corinthians precisa qualificar o elenco vem de antes mesmo do heptacampeonato brasileiro. Na reta final, quando titulares deram sinais de esgotamento, Carille teve dificuldades para criar alternativas e suprir desfalques. E poderia ter sido pior se o Timão tivesse avançado na Copa do Brasil e na Sul-Americana e, assim, se desgastasse ainda mais.
Carille acerta ao dizer que a principal missão para 2018 é manter o atual elenco, embora saiba que isso é praticamente impossível. Guilherme Arana, por exemplo, um dos destaques do time, já está quase vendido ao Sevilla, da Espanha.
E somente não perder peças é insuficiente. Com um calendário apertado no ano que vem por conta da Copa do Mundo, o Timão precisa de mais e melhores jogadores se quiser sonhar com o bi da Libertadores. No mínimo um outro bom zagueiro, um substituto para Arana e um reserva para Jô.
Fazer isso com pouco dinheiro em caixa será mais um desafio. Uma solução (já cogitada pela diretoria alvinegra) é trocar jogadores. Há atletas sem muito espaço no grupo que podem servir como moedas de troca.
Além das dificuldades financeiras, outro fator que tende a atrapalhar o Corinthians é a eleição presidencial do clube em fevereiro, que pode acabar engessando Roberto de Andrade em seu fim de mandato.
O ano de 2017 deve servir como exemplo. Tanto os acertos, como as apostas baratas em Pablo e Gabriel, quanto os erros, como nos casos de Willian Pottker e Drogba, ambos mal conduzidos pela diretoria.
O torcedor corintiano pode (deve!) seguir celebrando o título, mas para direção e comissão técnica a festa acaba mais cedo. Ou você acha que é fácil ser a primeira força?