O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segóvia, defendeu a prerrogativa da corrporação de fechar acordos de delações premiadas. O assunto é motivo de divergências entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal. Para os procuradores, a lei que dá essa atribuição aos policiais é inconstitucional e deve ser uma função exclusiva do MPF. Uma ação direta de constitucionalidade tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto.
“ Já está na lei que a PF tenha a atribuição de fazer as delações premiadas, o que nada mais é que um meio de investigação. Como ferramenta de investigação, ela tem que fazer parte da atuação da PF e nós não vamos desistir dessa atribuição”, disse Segóvia, ao conceder entrevista à imprensa após assumir o cargo.
Carta branca
Fernando Segóvia disse ainda que recebeu carta branca do presidente da República, Michel Temer, para desempenhar sua nova missão e disse que atuará de forma “republicana”, sem posicionamento político-partidário.
O delegado Fernando Queiroz Segóvia assume a direção da Polícia Federal Foto:
Atuação com a PGR
O delegado também reforçou que, em conversas prévias com a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ficou acertado que a Polícia Federal e o MPF trabalharão de forma conjunta e mais alinhada para concluir investigações que estão no STF e que, para isso, será criada uma força-tarefa entre as duas instituições.
Segóvia avaliou que a procuradoria pode ter agido de maneira apressada na investigação em que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Michel Temer por corrupção no caso envolvendo das delações de executivos da JBS.
“A gente acredita que se fosse pela égide da PF, essa investigação teria que durar mais tempo, porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”, avaliou.
A mala a que Segóvia se refere é a que foi flagrada por investigadores da PF com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ao sair de uma pizzaria em São Paulo. Loures foi acusado de ter recebido R$ 500 mil de um executivo da JBS.