Depois de três anos de muita dificuldade econômica, o ano que se inicia traz expectativas de que teremos um ano de recuperação econômica. Em que pese ser um ano eleitoral, com muita incerteza política, muitos feriados e do evento quadrienal, que para o país, chamado Copa do Mundo, o cenário é positivo e de início da retomada econômica.
Fundamental, para nosso futuro, é a aprovação, logo após o recesso parlamentar, da reforma da previdência e sem mais alterações. Como o orçamento das famílias e das empresas, as contas públicas precisam manter a tendência de ajuste e a busca pelo equilíbrio fiscal se faz necessária para que todos os indicadores mantenham a trajetória de melhora.
Os empregos estão voltando a ser criados e a confiança, de forma gradativa, sendo reestabelecida. Vivemos em um país com déficit habitacional entre 5 a 6 milhões de residências potencializado por uma demanda, de acordo com estudo elaborado conjuntamente pelo Secovi e pela Fundação Getúlio Vargas, para os próximos 10 anos, de 14,5 milhões de novos domicílios, portanto estamos com um alinhamento de tendências bastante positivo.
Para a indústria imobiliária, juros e inflação baixa somada à melhora do nível de emprego e renda, é o cenário ideal para que os milhares de brasileiros tenham a confiança necessária para a aquisição de um imóvel.
Inserindo na análise o preço estável dos imóveis dos últimos três anos, e em alguns casos com a diminuição do valor real, por conta dos efeitos inflacionários, o período continua bastante propício para a aquisição, tanto para uso quanto para investimento.
A produção imobiliária não será capaz de atender toda a demanda reprimida e, certamente, o descasamento entre a oferta e demanda trará um novo ciclo de valorização imobiliária, assim como ocorreu em alguns estados americanos logo após a recuperação depois da crise de 2008.
O ciclo de produção, para aprovações e licenciamentos, ainda é um fator importante nesta avaliação, diferentemente de outras indústrias, o tempo para a produção imobiliária no Brasil ainda é muito longo.
A recuperação e o cenário positivo deve acontecer em todos os tipos de imóveis, claro que cada região do país tem um cenário, com ofertas e demandas distintas. Importante, portanto, antes de entrar ou fazer investimentos, conhecer a realidade e as perspectivas de cada imóvel e cada região.
O período eleitoral pode atrapalhar a evolução do mercado e da economia, em geral, se houver uma instabilidade política e das instituições, pois com o aumento das incertezas teremos uma involução dos indicadores e alta volatilidade econômica, fazendo com que os investidores posterguem ainda mais a decisão de compra e, portanto, postergando, mais ainda, o início do ciclo da valorização.
Mas, importante lembrar que o mercado imobiliário tem uma característica de longo prazo e assim deve ser avaliado o investimento. Como não sabemos o momento exato do início dos ciclos de valorização, o melhor a se fazer é se antecipar.
Com os juros reais baixos e, felizmente, ainda com trajetória de queda a rentabilidade que o imóvel oferece é bastante atrativa. O segredo, assim como em qualquer outro mercado, é tomar a decisão antes da maioria. Quando analisamos a valorização imobiliária no Brasil, nos últimos anos, e ao comparamos o valor do imóvel em nosso país com outras regiões do mundo, percebemos o potencial de crescimento que ainda existe.
Que tenhamos um ano, embora difícil, de recuperação econômica e que a turbulência política impacte menos na economia, para que os empregos continuem sendo gerados e o nosso povo possa ter acesso à moradia com dignidade.
*Presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP)