Recentemente, o governador do Estado sancionou lei que permite a utilização dos aparelhos celulares em salas de aula das escolas da rede estadual de ensino para fins pedagógicos, objetivando modernizar a rede, tornando o ensino mais atraente e para melhora de sua qualidade que, reconhecidamente, é de baixo nível em relação a outros países. Ainda segundo o governo do Estado, até outubro do próximo ano, todas as 5 mil escolas estaduais serão equipadas com sistema Wi-Fi e banda larga, garantindo conexão permanente, distribuindo sinais de atividades pedagógicas e administrativas. Se até há algum tempo eu via com restrições essa concessão, hoje eu considero-a como necessária, fundamental e intransferível, tendo em vista o desenvolvimento da tecnologia digital e os recursos que a mesma poderá oferecer aos alunos e escolas. Hoje, por incrível que possa parecer, a pessoa que não tem celular pode ser considerada como fora do tempo, desatualizada, ficando para trás. Depois que vi minha bisneta de 2 aninhos já entretida com os desenhos e procurando-os, minhas netas de 5 baixando aplicativos e enviando mensagens, ressalte-se que não são as únicas, mas as crianças em geral, sou obrigado a aceitar, convenci-me da improrrogável utilização dos celulares nas salas de aula, nos níveis I e II do fundamental e no médio. No entanto, este processo necessário e fundamental, muito embora possa parecer simplista ou fácil, não o é, pois apresentará muitos desdobramentos, como poderá oferecer muitos problemas que, de leve, passarei a citar. A maioria dos alunos possui celular, mas há muitos que não, pois são reconhecidamente pobres, cujas famílias não terão condições de adquiri-los. Para estes, o Estado terá que fornecê-los, pois a sua falta poderá levar alguns alunos a um mau procedimento. Mesmo para os alunos que possuem, estes deverão ser atualizados para baixar os aplicativos e programas a serem executados. Incrivelmente terei que trocar o meu celular, porque não consigo baixar alguns aplicativos; não comporta.

Questionar se eles serão necessários e utilizados em todas as disciplinas do currículo.

Quando e como. Pois é óbvio que não, pois algumas são expositivas e participativas. E o aluno manterá, nesse ínterim ou momento, o aparelho desligado ou continuará se comunicando com outro colega da classe ou do seu círculo de amizades? Estes são problemas que aparecerão por ocasião da implantação do uso dos celulares que, acredito, ocorrerá gradualmente nas escolas estaduais, diferenciando de uma para outra. Muito embora os problemas ou questionamentos surjam por ocasião do seu uso, devem ser considerados a partir de agora. E não divulgados ou ditos no respectivo momento. Se não os prejudicados serão o professor, que falará para as paredes ou tornar-se-á um ausente presente, e os próprios alunos na aprendizagem. Pergunto: será que o aparelho celular ajudará no domínio das matérias ou acentuará o individualismo como se vê atualmente. Quando pessoas juntas não se conversam. Dez pessoas juntas, mas ninguém conversa com ninguém. Cada uma absorta com o seu aparelho. Entendo que reuniões com professores devam ser realizadas pela direção para o estabelecimento de regras para disciplinar seu uso, quando e como. Regras e não utilização a bel prazer. Regras que levem à disciplina dos alunos. Defendo que essas regras legítimas sejam divulgadas aos pais em reuniões ou informadas por comunicados escritos. Sem o quê, o Estado estará transferindo para a escola e professor um enorme problema. Que após ser gerado será muito difícil corrigir ou superar.