O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, disse hoje (4) que o setor passa por transformações profundas, estimuladas pela política de desinvestimentos da Petrobras e pelo incremento da produção com o pré-sal. Oddone participou nesta terça-feira do lançamento do estudo Perspectivas do Mercado de Gás Natural, organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

“A gente nunca teve um mercado aberto, dinâmico e competitivo. Estamos caminhando para isso”, disse o diretor da ANP na abertura do encontro, citando a venda da participação da Petrobras em distribuidoras e o desinvestimento em gasodutos no Sudeste e Nordeste.

Para Oddone, o Brasil ainda consome um volume muito pequeno de gás natural, e a chegada do gás offshore produzido no pré-sal “deve dar uma chacoalhada no mercado” interno. “O potencial para crescimento da penetração do gás na matriz energética brasileira é muito grande”.

Produção

A gerente de Petróleo, Gás e Naval do Sistema Firjan, Karine Fragoso, apresentou o estudo, que inclui artigos do Ministério de Minas e Energia, do governo do Rio de Janeiro, da própria Firjan, da Petrobras e de associações de classe do setor. Karine destacou números sobre o Rio de Janeiro, que é o principal produtor de gás do país, com mais de 45% da produção bruta nacional.

“No Rio de Janeiro, a gente tem uma estrutura mais madura, mais conhecida e trabalhada”, disse. “Não faltam oportunidades de trabalhar em infraestrutura e em investir na dinamização desse mercado”, acrescentou.

A gerente da Firjan destacou que é comum atribuir a produção da Bacia de Santos ao estado de São Paulo, onde fica o município de Santos. No entanto, os campos mais produtivos da bacia ficam na costa fluminense, e a produção do pré-sal na Bacia de Santos já responde por 64% do gás produzido no estado do Rio.

A participação fluminense no setor deve crescer, segundo previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O diretor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da instituição disse que o Rio de Janeiro aumentará de 47% para 56% sua participação na oferta potencial de gás natural entre 2016 e 2026, período em que o total nacional deve aumentar de 47 milhões de metros cúbicos por dia para 75 milhões de metros cúbicos por dia.

Sobre a produção nacional de petróleo, a EPE prevê que 2017 termine com um patamar de 2,7 milhões de barris diários. Em 2026, a produção deve chegar a 5,2 milhões de barris por dia, gerando para o país uma receita de R$ 40 bilhões em royalties e R$ 20 bilhões em participações especiais. A projeção leva em conta um valor de US$ 80 por barril de petróleo e US$ 1 cotado a R$ 3,77.