Não é de hoje que ouvimos falar em aquecimento global, efeito estufa, derretimento de geleiras, furacões e outras consequências ambientais. O que talvez, poucos saibam, é que todos esses efeitos colaterais têm em comum um grande vilão: o “mau” e velho carbono.
O excesso de carbono na atmosfera costuma ser proveniente da queima de combustíveis fósseis, óleos, gás natural e queimadas.
Recentemente, em 30 de outubro de 2017, a revista Exame publicou uma reportagem, baseada no alerta feito pela Organização Meteorológica Mundial, sobre a emissão de carbono na atmosfera, mencionando que no ano de 2016 os níveis globais de CO2 bateram novo recorde.
Infelizmente, tal fato já é velho conhecido dos ambientalistas. A WWF, organização internacional para defesa da vida selvagem, desde 1998 emite com regularidade um relatório bienal chamado Relatório Planeta Vivo (Living Planet Report), o qual criou um índice para medir o impacto das atividades humanas sobre o planeta. Esse índice foi denominado “pegada ecológica” (ecological footprint), indicando o “rastro” que os humanos estão deixando em nosso planeta.
Para elaboração do índice da pegada ecológica, a WWF utiliza-se de vários fatores, mas adivinhe quem é, novamente, o grande vilão de cena? Sim, o nosso “mau” e velho carbono!
No relatório Planeta Vivo divulgado em 2012 pela WWF, o índice Pegada Ecológica apontou dados referentes ao período de 1961 a 1998, e nesse período o carbono era o maior componente da pegada, representando 55% do total. Dois anos mais tarde, em 2014, o novo relatório da WWF apontou dados referentes ao período de 1961 a 2010, sendo que em 2010 as emissões de carbono na atmosfera contribuíram em 53% na formação/índice da pegada ecológica.
Já em 2016, o Relatório Planeta Vivo, ainda não disponível em português, tabulou dados referente aos anos de 1961 a 2012, sendo que em 2012 as emissões extras de carbono na atmosfera chegaram ao alarmante patamar de 60% do índice da pegada ecológica.
Neste último relatório divulgado em 2016, o índice aponta que em 2012 nós extrapolamos em 95% o limite da biocapacidade do planeta, ou seja, estamos usando e consumindo do nosso planeta quase duas vezes mais do que ele é capaz de se regenerar. Isso demonstra o quão grave é nossa relação com o carbono, uma vez que só suas emissões já atingem o limite de regeneração do planeta.
Esses dados se tornam ainda mais preocupantes pelo fato de que desde 1997 vários países, conscientes do problema, assinaram o Protocolo de Kyoto, um tratado internacional destinado à redução das emissões de carbono na atmosfera.
Uma das metas do Protocolo de Kyoto era de que os países signatários reduzissem suas emissões de dióxido de carbono (ou de outros gases menos presentes, mas tão ou piores que ele, chamados gases de efeito estufa) em 5,2% no período de 2008 a 2012, se comparados aos dados de 1990. Contudo, tal pretensão não foi atingida, se comparados os dados divulgados nos Relatórios da WWF referentes aos mesmos períodos.
Após nova negociação, os países que assinaram o protocolo concordaram em tentar atingir uma redução de emissão dos mesmos gases em percentual mínimo de 18%, entre 2013 e 2020, se comparados às emissões ocorridas em 1990. Cada país participante ficou livre para negociar suas próprias metas, de acordo com suas reais capacidades de redução das emissões de gases.
Concluindo, como podemos notar pelos dados divulgados, o carbono era, é, e deve continuar sendo elemento excessivamente presente em nosso meio ambiente. Enquanto as medidas de diminuição das emissões não forem levadas a sério pelos países e as pessoas não se conscientizarem desse grave problema, a expectativa é de que tudo continue indo a favor do “mau” e velho carbono.
*Advogados, mestres em Sustentabilidade