Logo depois de tornar-se o 16º presidente das Filipinas, o advogado Rodrigo Duterte pôs em prática sua “política” antidrogas e mandou matar sem maiores formalidades, quatro mil pessoas, entre traficantes e dependentes químicos. Àqueles que se espantam com seus métodos, explica que, ao elegê-lo, os filipinos sabiam que isso iria acontecer. Aos 16 anos, ele matou a punhaladas um homem cujo modo de olhar o desagradou. Quando prefeito de Davao, um dos principais centros turísticos do país, matou três adversários. “Imagina se eu não mato e mando matar agora que sou presidente?” — conclui.
Quando, através do voto ou de qualquer outra forma de apoio, você ajuda uma pessoa má a chegar ao poder ou nele firmar-se, contribui diretamente para torna-lo pior. Faz-se, assim, cúmplice dos erros, desatinos e crimes que, no poder conquistado com sua ajuda, ela venha a praticar.
Apesar disso, como a comprovar o acerto do dito popular de que bobo rareia, mas não acaba, sempre há quem imagine que o bandido empoderado se torne santo ou, ao menos, modere sua maldade.
No recentíssimo livro “Sobre a Tirania”, Timothy Snyder, professor de história na Universidade de Yale, conta que, em 2 de fevereiro de 1933, o editorial de um dos maiores jornais judeus da Alemanha, analisando a indicação de Hitler para formar o novo governo do país, tranquilizava seus leitores acerca do que fariam os nazistas no poder: “eles não privarão, de repente, os judeus alemães de seus direitos constitucionais, não os juntarão em guetos, nem os submeterão aos impulsos invejosos e homicidas da multidão”. Os fatos logo demonstraram que tal expectativa era totalmente insensata.
Na política ou em qualquer outro domínio da vida, você não tem o direito de ser ingênuo. Use o discernimento que o Senhor lhe concedeu e jamais se associe aos maus, pois eles, quanto mais poderosos, piores se tornam.
“O Senhor conhece e aprova a vida dos que obedecem às suas leis, mas a vida dos maus acaba em desgraça e destruição.”
Salmo 1:6
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*Jornalista: geraldo.bonadio@gmail.com