A mudança do nome da Praça da Sé para D. Paulo Evaristo Arns é mais uma daquelas demagogias que, por certo, não agradariam nem ao próprio homenageado, se vivo fosse e pudesse opinar. Franciscano, o cardeal, além de sua bravura nos momentos decisivos, também ficou conhecido pela sua simplicidade pessoal, que dispensava honrarias e rapapés. Principalmente se isso pudesse causar algum transtorno à população que tanto defendeu e respeitou. A marcação do nome de personalidades em vias e logradouros públicos é um dispensável culto à vaidade, mas já que existe, não carece ser abolida. Mas mudar o homenageado, como se fez recentemente no minhocão paulistano cujo nome foi trocado do ex-presidente Costa e Silva para o também ex-presidente João Goulart, é pra perda de tempo. Bem ou mal, a denominação das vias pública acaba contando a história do lugar. Mas, de tempo em tempo, aparece alguém querendo substituir a homenagem, ao sabor das preferências políticas do momento e, principalmente, tentando levar alguma vantagem. Anos atrás, um deputado tentou mudar o nome da rodovia Castello Branco, que parte de São Paulo rumo ao interior, argumentando tratar-se de uma homenagem indevida, porque Castello foi um ditador. Talvez tenha sido esse o mesmo argumento para a troca de nome no minhocão. Se fôssemos seguir essa linha de raciocínio, em todas as mudanças políticas, teríamos de trocar o nome das vias e praças. Não haveriam mais as avenidas Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e tantas outras. Existiriam ainda nomes que, ao sabor dos ventos políticos, seriam retirados e depois recolocados, conforme a cotação política do homenageado. O procedimento de troca de nomes de ruas, praças e outras obras públicas demonstra, além do desrespeito à história e à cultura, a falta de criatividade e até de ocupação dos seus autores. Mesmo retirando o nome das placas colocadas em cada esquina, ninguém conseguirá apagar da história a figura daqueles que tiveram projeção política, social ou empresarial a ponto de batizarem vias e obras públicas. Mas, mesmo não tendo qualquer utilidade, a mudança de nome serve para confundir a população que procura pelos lugares alterados e, principalmente, traz transtornos e despesas aos proprietários de imóveis e negócios na área, obrigados a alterar o endereço na documentação, propaganda e meios de orientação para o acesso da clientela. O melhor é não mudar… *Tenente, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo. | |