Sim, este é um texto de Natal! Um daqueles artigos que exalta o clima amistoso e festivo, da época, como possibilidade de reaproximação dos parentes, amigos, mas, também de trégua com os inimigos.
Não, não irei propor que você abandone suas convicções, crenças. Passar por cima de sua história, de sua formação. Cada ser humano é único, essencialmente diferente, e essa “impressão digital”, essa identidade, é uma riqueza incalculável.
Não se repete um ser humano. E isso diz também de uma inevitável solidão. Nasce-se só e, quando a cortina da vida fecha, deixa-se o palco, sob aplausos, só. Não há que temer esse “cantinho sem ninguém”, o silêncio. Ele é que consolida a existência e, para quem crê, revela uma presença suave, profunda, com quem se quer “só contigo (eu) ficar”.
Sim, apesar disso tudo que se vê nas redes sociais, das perspectivas políticas de um novo ano eleitoral, de todas as razões para discordar e perder a paciência e, apesar de não podermos ser ingênuos, a proposta é: “dar as mãos”. Abraçar de verdade, beijar, perdoar, “lavar a alma”, se dar esse presente. O tempo no qual vivemos está frio demais, violento demais, chato demais. Esse Brasil está irreconhecível e pior: menos alegre, amistoso, acolhedor.
Qual o problema do outro ter razão, só uma vez? Diga pra ele só hoje: “você está certinho”. O mundo não vai acabar por isso. Mas sua família, com este gesto, pode ter um recomeço. E, ao nos permitirmos um passo diferente, talvez, quem sabe, reencontremos o nosso melhor.
Feliz Natal!
*Jornalista, autor dos livros “Ternura de Deus” e “A vida é caminhar”, e presidente da Academia Cachoeirense de Letras e Artes (ACLA), em Cachoeira Paulista (SP)