Após dois anos de tombo, a economia voltou a crescer em 2017 e conseguiu sair da recessão, indicam números divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central.
No ano passado, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo BC, registrou uma expansão de 1,04% na comparação com 2016. O número não possui ajuste sazonal, pois considera períodos iguais (ano contra ano).
O IBC-BR é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do PIB de 2017 será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1º de março.
O mercado, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, estima uma expansão de 1% para a economia brasileira em 2017.
Fim da recessão
Se o IBGE confirmar o resultado positivo para o PIB em 2017, será o primeiro registrado pelo país depois de dois anos seguidos de queda na atividade econômica e o fim da pior recessão da história do país.
Em 2015, o IBGE informou inicialmente que houve uma retração econômica de 3,8%, o maior tombo da economia brasileira em 25 anos. O resultado depois foi revisado para uma queda menor, de 3,5%.
Já em 2016, a queda do PIB foi de 3,6%. Posteriormente, o valor também foi revisado para um tombo um pouco menor, de 3,46%.
Essa sequência de dois anos seguidos de baixa na atividade econômica só havia sido registrada no Brasil em 1930 e 1931.
Para 2018, a expectativa do governo é de que a economia brasileira cresça cerca de 3%. Para o mercado financeiro, a taxa de expansão econômica será em torno de 2,8% em 2018.
Fatores que ajudaram na recuperação
Para reaquecer a economia e combater a recessão, o governo Michel Temer anunciou, no ano passado, medidas como a liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que injetou R$ 44 bilhões na economia, e do PIS/Pasep para idosos.
Segundo cálculos do Ministério do Planejamento, a liberação dos recursos das contas inativas do FGTS geraram um impacto positivo sobre o PIB, que pode ter alcançado 0,61 ponto percentual. O governo avaliou que os recursos ajudaram a reduzir o grau de endividamento das famílias e, ao mesmo tempo, contribuiu com a melhoria do nível de atividade, principalmente via comércio.
Além disso, com a inflação comportada, o Banco Central reduziu fortemente os juros básicos, representados pela taxa Selic, no ano passado. Atualmente, a taxa está na mínima histórica de 6,75% ao ano, o que favorece a renegociação de dívidas e os investimentos no setor produtivo.
IBC-Br e definição da taxa Selic
O IBC-Br foi criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado IBGE. Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB.
O cálculo dos dois é um pouco diferente: o índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.
Atualmente, a taxa Selic está em 6,75% ao ano, na mínima histórica, e a estimativa do mercado financeiro, até o momento, é de estabilidade até o fim de 2018.
O próprio BC, porém, sinalizou recentemente que não está afastada a possibilidade de promover uma nova redução no juro básico da economia.
Pelo sistema que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas de inflação. Para 2018 e 2019, a meta central é de 4,5% (podendo oscilar entre 3% e 6%) e de 4,25% (com uma banda de flutuação de 2,75% a 5,75%).
Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas ficam dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis. O BC baixa os juros quando julga que a inflação está em linha com as metas definidas.