A crucificação foi provavelmente a forma mais horrível de punição capital já concebida pelo homem. A vítima, em regra, era primeiro submetida à flagelação, com um chicote de três cordas (formado de couro trançado e cravejado de osso e metal). Eventualmente, o músculo poderia ser descolado do osso. Os ossos das costas, incluindo a coluna vertebral, eram às vezes expostos em uma massa sanguinolenta. Não é raro que essas chicotadas fossem fatais. A vítima era despida e depois presa com laços de couro. Jesus foi espancado, Sua carne foi ferida. 

A flagelação severa, com sua dor intensa e muita perda de sangue, provavelmente deixou Jesus em estado de pré-choque. Além disso, a hematidrose (suor de sangue) tornava sua pele particularmente sensível. O abuso físico e mental causado pelos judeus e pelos romanos, assim como a falta de comida, água e sono, também contribuíram para Seu enfraquecimento. Portanto, mesmo antes da crucificação, a condição física de Jesus era muito séria e possivelmente crítica.

Durante o primeiro século, os judeus empregaram quatro métodos de pena de morte: apedrejamento, queimação, decapitação e estrangulamento. Mas Jesus foi executado de acordo com o procedimento romano. Cristo teve que morrer de alguma forma que envolvia o derramamento de Seu sangue, sem o qual não poderia haver remissão de pecados (Hebreus 9.22). Como o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23), o homem, em virtude de seu pecado, perdeu seu direito de viver. No entanto, no maravilhoso plano de Deus, determinou-se que o Seu Filho ofereceria Sua vida em troca do homem (1 Coríntios 15.3). Visto que “a vida da carne está no sangue” (Levítico 17.11), era necessário que o Senhor derramasse Seu sangue para efetuar a redenção. Isaías fala da alma (vida) do Messias sendo “derramada” até a morte (Is 53.10-12). Séculos depois, o Salvador disse: “Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados.” (Mateus 26.28). A crucificação, portanto, encaixou-se com o plano celestial.

A “palavra da cruz” era sinônimo do Evangelho (1 Coríntios 1.18), e nessa cruz os primeiros santos se gloriavam. Por que um instrumento tão hediondo de vergonha se transformou em um objeto de glória pelos primeiros cristãos? Foi porque a cruz deixou de ser um embaraço à luz da ressurreição. Se Jesus tivesse permanecido morto, a cruz teria sido para sempre um objeto de desonra. A cruz, então, torna-se uma testemunha silenciosa, uma defesa da autenticidade, da realidade do cristianismo.

 

*Pastor presbiteriano