O diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, disse hoje (22) que o apagão no Norte e Nordeste do país não significa fragilidade no sistema elétrico brasileiro. O incidente deixou 70 milhões de pessoas sem energia elétrica e se deu após uma falha na Subestação Xingu, no Pará, que distribui parte da energia produzida na Usina de Belo Monte.
“Apesar do distúrbio de ontem, temos absoluta convicção das condições de suprimento de energia no país”, disse. “Quero deixar clara a nossa convicção de que o distúrbio de ontem não pode e não deve significar qualquer tipo de fragilidade no sistema”.
Na visão do ONS, o sistema é “robusto” e dispõe de energia suficiente. Barata explicou que houve uma expansão na geração e transmissão de energia, enquanto o consumo ficou estável com a crise econômica dos últimos anos.
As causas do apagão devem ser conhecidas em até 15 dias, segundo Barata, que se reunirá com todas as empresas afetadas pelo apagão na próxima segunda-feira para a preparação do relatório de análise de perturbação.
“A nossa expectativa é que em 10, no máximo 15 dias, possamos divulgar exatamente o que aconteceu. As causas e as consequências e quais são as medidas que vamos tomar”, afirmou.
O diretor participou do seminário Agenda Setorial 2018, no Rio de Janeiro, com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso.
Causas
Barata explicou que será possível definir se o problema se deu por uma falha humana ou de equipamento. Nenhuma das duas hipóteses está descartada e uma falha humana poderia ser a causa caso se constate que o problema se deu no ajuste do disjuntor, por exemplo. “A responsabilização só vai acontecer depois de uma análise muito cuidadosa”, afirmou ele.
O ONS já identificou que o apagão começou por causa de um disjuntor na Subestação Xingu, que se abriu indevidamente. Segundo Barata, o tempo de até mais de cinco horas para reestabelecer o fornecimento em algumas partes do país se deu porque a reposição do sistema precisa ser feita com cautela.
“Em um sistema extenso como o nosso, com linhas longas, usinas distribuídas, sair correndo para recuperar o sistema muitas vezes é objeto de problema posterior”, disse ele, que mesmo assim reconheceu que é necessário trabalhar para reduzir esse tempo.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, também destacou que “não existe risco para o abastecimento de energia”, mesmo se for considerada a previsão de crescimento econômico. “Nas previsões, está um crescimento estimado de 3,8% e a ONS tem expectativa para poder suportar nos próximos anos até um crescimento de 5%. Nós temos geração contratada para atender a esse crescimento que nós esperamos que possa se confirmar”.