Pela primeira vez foram avaliados em estudo científico os efeitos do banho de picão preto, planta cujo nome científico é Bidens pilosa e tradicionalmente utilizada pela cultura popular para tratar icterícia, doença comum em recém-nascidos, provocada por bilirrubina no sangue e que deixa a pele e a parte branca dos olhos amareladas.
Já havia estudos sobre a ingestão do chá da erva. O novo experimento buscou saber se o banho apresenta o mesmo efeito em relação ao consumo por via oral. Ambos apresentam resultados, mas foi detectado como melhor efeito a utilização conjunta do banho e a ingestão do chá.
A pesquisa foi desenvolvida pela bióloga Cristiane Martinez Ruiz Pegoraro com a orientação da pesquisadora Gisele Alborghetti Nai que já havia conduzido outro trabalho utilizando o chá do picão preto para avaliar o efeito protetor ao câncer, constando a redução de danos do ácido desoxirribonucleico (DNA).
Porém, diante do uso popular da erva daninha em banho para combater a icterícia, daí a ideia de avaliação dessa forma de aplicação em busca de efeitos medicinais, com a constatação de que aliada à ingestão do chá melhora os efeitos protetores do fígado, rins e intestino.
O estudo sustentou a produção de sua tese no doutorado em Fisiopatologia Animal. Tese apreciada pelos avaliadores como um estudo importante e inédito, que serve como base para outros estudos.
Para a pesquisadora da Unoeste, o estudo atender às políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) que tem aproveitado e estimulado a produção de medicamentos fitoterápicos, produzidos através de ervas, que são menos tóxicos e mais baratos.
A política nacional implantada em 2006 pelo Ministério da Saúde tem liberado gradativamente ao longo dos anos novos medicamentos à base de plantas medicinais. “A produção utilizando o picão preto como matéria prima poderá vir a fazer parte da lista de liberação de fitoterápicos; pelos benefícios mostrados nas pesquisas”, cita.