Os Estados Unidos, que se orgulham de ser a maior Democracia do mundo ocidental, não consegue evitar que estudantes sejam assassinados coletivamente por um estudante ressentido. Os casos são muitos e frequentes. A minha explicação é a facilidade com que se adquire arma de fogo, sob o falacioso argumento de que não é só bandido que deve se armar. As pessoas honestas também têm direito de se defender.

Mas há estudiosos que encontram outra argumentação. Um deles é Bryan Warnick, especialista em educação da Universidade Estadual de Ohio. Para ele, as escolas americanas competem num torneio de status social. Não é apenas a aplicação nos estudos, mas a prática de esportes, o campeonato do charme, da sedução, da conquista, tudo entra na balança para distinguir entre “winners” e “loosers”.

Uma característica bastante comum na vida dos homicidas de seus colegas, é o fato de se considerarem preteridos. São seres ressentidos, que se consideram perdedores e, por isso, frustrados.

 A escola é o lócus em que essa definição – vencedor ou perdedor – se consubstancia. É ali que estão as torcidas organizadas, as premiações, as festas de formatura. É onde o galã consegue conquistar a garota mais disputada e onde a chefe de torcida do futebol americano escolhe quem quiser para lhe fazer companhia.

O cenário de sua frustração é o ideal para o exercício de sua vingança. Ela é antecedida por uma espécie de ritual. O ressentido começa a comprar armas. Torna-se arredio. Faz um diário ou anotações evidenciando sua intenção. Grava mensagens nas redes sociais. É um aviso e um pedido de socorro. Se pressentido e abordado, talvez não perpetre sua revolta. Mas isso não tem acontecido. Então a catástrofe ocorre.

Talvez se devesse pensar em tornar o estudante americano mais humano. Mais humilde. Mais compreensivo em relação às diferenças naturais entre as pessoas. O espírito ianque de se considerar a espécie mais hiper-dotada de atributos que existe sobre a face da Terra, a mais privilegiada, aquela que não nasceu para fracassar, mas para vencer, gera tais anomalias de mentes atormentadas. Não encontram o êxito que afaga os bem sucedidos e, portanto, querem mata-los. Com isso, obtêm aquele “lugar ao sol” da fama, da popularidade, da celebridade.

Maior segurança na escola americana se consegue mediante estratégias de alteração do modo de pensar, não por providências que intensifiquem a potencialidade da violência, como armar professores ou aumentar a segurança interna das unidades educacionais.

Escola tem de ser lugar de alegria, de liberdade, de fruição dos bens da vida, não espaço ameaçado pela violência, que deve ser garantido pela força pública e onde seja perigoso frequentar.  

 

*Secretário da Educação do Estado de São Paulo