Restou pouco do Chevrolet Camaro do cantor MC Brisolaapós o acidente na Rodovia Fernão Dias na última segunda-feira (26). O modelo, que é produzido nos Estados Unidos, se partiu ao meio após bater em um poste. Brisola sobreviveu, mas o motorista, Phelippe Miranda, morreu.

No mesmo dia, um Fiat Siena também se dividiu em dois em um acidente no interior de São Paulo. Em ambos os casos, a polícia ainda investiga as causas e detalhes das colisões, como a velocidade dos veículos.

G1 perguntou a especialistas o que pode levar um carro a ter carroceria partida em acidentes. A explicação para uma destruição tão grande quase sempre envolve velocidade, segundo eles.

Um veículo em movimento gera energia. E, quanto mais rápido, mais energia. Quando acontece uma batida e uma desaceleração brusca, essa energia precisa ser espalhada, de preferência, longe dos ocupantes do veículo.

Se a energia é grande demais, pode acontecer a ruptura no metal, partindo o veículo.

 

“Para partir ao meio, uma peça metálica necessita de uma energia extremamente grande”, diz Alessandro Rúbio, engenheiro da Comissão de Segurança Veicular da SAE Brasil, sociedade de engenheiros automotivos.

 

“Muitas vezes, a energia é tão grande que os pontos de solda não suportam e acabam cedendo, partindo o veículo”, completa Roberto Bortolussi, professor de engenharia mecânica da Fundação Educacional Inaciana, a FEI.

 

Batida em poste e árvore

 

O tipo de batida também conta: quando a frente do veículo é atingida em cheio, há mais espaço para a energia gerada pela colisão se espalhar.

Ela vai destruindo toda a área do capô, por exemplo, antes de chegar onde estão os ocupantes. Por isso existem acidentes em que carros ficam totalmente destruídos, mas o interior está praticamente intacto: isso é bom.

“Eu destruo o carro para reduzir a aceleração e o impacto nos ocupantes”, diz o professor da FEI.

Em casos de batida lateral, há menos espaço para a energia do impacto ser absorvida.

Colidir com um poste, como no caso do Camaro, ou uma árvore, também faz com que a energia tenha dificuldade de se espalhar.

 

“A energia fica concentrada só em um ponto e não se dissipa para outras partes do veículo. O veículo acaba ficando com um aspecto ruim. Por isso é que postes e árvores levam a deformação muito grande”, afirma Rúbio.

 

 

Como veículos são testados

 

No processo de homologação, antes de serem colocados à venda, os veículos têm que passar por testes de colisão. No Brasil, diferente da Europa e dos Estados Unidos, as provas de impacto lateral ainda não são exigidas. A previsão é que isso comece a acontecer só daqui a 2 anos.

Nesse tipo de teste, o carro fica parado, e a batida é feita com um obstáculo móvel, atingindo a lateral do veículo. É como o carro fosse atingido de lado por outro. Existe também um ensaio que simula a batida num poste.

De qualquer forma, esses testes são feitos em velocidades mais baixas do que as de uma rodovia, por exemplo. Mas isso não os torna menos importantes, dizem os especialistas.

“Os testes de impactos laterais e frontais não ultrapassam os 64 km/h, mas isso não significa que essa é a velocidade com que o carro vai bater. Essas velocidades foram estipuladas em médias de acidentes, dificilmente vai bater em uma velocidade superior”, afirma Rúbio.

Isso porque, ao perceber que está perdendo o controle do veículo, a ação natural do motorista é tentar reduzir a velocidade antes do impacto.

 

“Se um carro fosse feito para resistir aos impactos laterais em velocidades mais altas, ele pesaria toneladas”, completa Bortolussi.