O Facebook elevou nesta quarta-feira (4) de 50 milhões para 87 milhões o número de usuários da rede que tiveram dados explorados pela Cambridge Analytica, consultoria política que usou essas informações a serviço da campanha presidencial de Donald Trump.
“No total, nós acreditamos que as informações de até 87 milhões de pessoas — a maioria delas nos EUA — podem ter sido impropriamente compartilhadas com a Cambridge Analytica”, afirmou Mike Schroepfer, diretor de tecnologia do Facebook.
A afirmação foi feita em um comunicado publicado no blog oficial da empresa. O novo cálculo é divulgado no mesmo dia em que a companhia anunciou a repaginação de sua política de dados e de seus termos de serviço, a primeira em três anos, feita para ampliar a transparência sobre como trata os dados de seus usuários e tentar conter o mal-estar gerado após o escândalo da Cambridge Analytica.
No Brasil, o número de usuários afetados foi 443 mil, segundo estimativa do Facebook. O Brasil é o 8º país na lista de países com maior número de usuários cujos dados podem ter sido usados. Os Estados Unidos aparece em 1º lugar, com 70,6 milhões de usuários, seguido por Filipinas (1,175 milhão), Indonésia (1,09 milhão) e Reino Unido (1,079 milhão).
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No post, o executivo comenta algumas das mudanças feitas na plataforma para evitar que desenvolvedores de aplicações consigam coletar e explorar dados de usuários de forma indevida.
Cambridge Analytica refuta informação
Em comunicado, a Cambridge Analytica refutou a estimativa do Facebook de que 87 milhões de pessoas tiveram seus dados explorados pela empresa de marketing. A companhia disse que obteve dados de 30 milhões de pessoas por meio de um contrato legal com a GSR, que está sendo alvo de contestação.
“A Cambridge Analytica licenciou dados de não mais do que 30 milhões de pessoas da GSR, como está claro no nosso contrato com a empresa de pesquisa. Nós não recebemos mais dados do que isso”.
A empresa ainda afirmou que não usou esses dados da campanha presidencial dos EUA em 2016.
A Cambridge Analytica disse que contratará uma auditoria externa para se assegurar de que todos os dados foram deletados e fornecer ao Facebook um certificado sobre isso. A empresa já tinha feito uma auditoria interna para provar a exclusão dos dados.
Entenda o escândalo
Em 17 de março, os jornais “New York Times” e “Guardian” revelaram que os dados de mais de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados sem o consentimento deles pela Cambridge Analytica. A empresa de análise de dados acessou esse grande volume de dados após um teste psicológico que circula na rede social coletar as informações. Os dados recolhidos não eram apenas os de usuários que fizeram o teste, mas também os de seus amigos.
O escândalo cria dúvidas quanto à transparência e à proteção de dados dos usuários do Facebook. A rede social comunicou que investigaria o caso. O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reconheceu que a emprese cometeu erros.
A empresa Cambridge Analytica trabalhou ainda com a equipe responsável pela campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, nas eleições de 2016. Também foi contratada pelo grupo que promovia a saída do Reino Unido da União Europeia.
Nesta sexta-feira (23), uma revista na sede da Cambridge Analytica durou cerca de sete horas. A batida foi do órgão regulador encarregado da proteção de dados privados na Grã-Bretanha. Nos Estados Unidos, usuários estão processando o Facebook e a Cambridge Analytica.
O Ministério Público do Distrito Federal comunicou na terça-feira passada (20) que abriu um inquérito para apurar se o Facebook compartilhou dados de usuários brasileiros com a Cambridge Analytica. O ex-sócio da Cambridge Analytica no Brasil disse que a empresa não tinha banco de dados de brasileiros.