No final de semana, pescadores flagraram uma imagem impressionante de uma cobra sucuri, nas águas do rio Paraná, em Panorama. Segundo o áudio gravado por eles que rodou nas redes sociais, ela estaria enrolada em um jacaré de uns três metros mais ou menos.
Os pescadores estavam em um barco e quando viram a cobra fizeram a foto, passando de longe. No áudio eles demonstram pavor pela imagem, devido ao imenso tamanho da cobra. Logo que tiraram a foto eles contam que aceleram o motor do barco.
SOBRE A COBRA – A reportagem do Portal fez contato com a Polícia Militar Ambiental de Dracena e, segundo o sargento Dinardi, é normal encontrar esse tipo de cobra nas águas do rio Paraná, no rio Aguapeí (Feio) e do Peixe. “Ela está no habitat dela. A sucuri é uma cobra própria da região”. O sargento viu a foto e comentou: “Ela foi flagrada em um ato de predação. Dá medo de ver pelo tamanho, mas é bonito observar a natureza se mantendo”, afirmou.
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SUCURI: CURIOSIDADES
Mestre em Ecologia (UERJ, 2016)
Graduada em Ciências Biológicas (UFF, 2013)
A sucuri é uma cobra da família Boidae, pertencente ao gênero Eunectes e sua distribuição geográfica é restrita à América do Sul. Até o momento são conhecidas quatro espécies de sucuri ─ Eunectes notaeus, Eunectes murinus, Eunectes deschauenseei e Eunectes beniensis ─ sendo as três primeiras com ocorrência no Brasil e a última ocorrente na Bolívia. A Eunectes murinus é a maior cobra do continente americano, chegando a medir até 11 metros e 60 centímetros, e a segunda maior a nível mundial, perdendo em tamanho apenas para a cobra píton (Python reticulatus) do sudeste Asiático.
Estas cobras vivem perto de córregos, rios e lagos. Apesar de não serem ágeis em ambiente terrestre, elas são muito rápidas dentro d’água podendo ficar até 30 minutos sem respirar. Possuem hábitos crepusculares e noturnos. A estratégia utilizada para caçar é a da espreita seguida do bote. As sucuris não são venenosas, pois não possuem dentes inoculadores de veneno, mas sua mordida é forte o bastante para atordoar sua presa que rapidamente é envolvida pela musculatura forte e robusta da serpente. Utilizam esta tática em animais que se aproximam dos corpos d’água para beber, surpreendendo sua presa em potencial dando o bote e matando-a por constrição e afogamento. Na dieta das sucuris é possível encontrar diversos vertebrados, como por exemplo: peixes, rãs, lagartos, jacarés, aves e roedores.
São cobras vivíparas, podendo parir mais de 50 filhotes numa gestação de oito meses, com tamanhos entre 60 cm e um metro de comprimento. As fêmeas são maiores que os machos, atingindo maturidade sexual por volta dos seis anos de idade. De modo geral, as espécies de sucuri podem viver por até 30 anos.
O ser humano é o maior responsável pela morte deste réptil devido ao medo que sentem desta cobra e devido também ao interesse pela pele da sucuri que no comércio internacional é bastante valiosa para o mercado da moda. Ataques a pessoas por sucuris são bastante raros. Porém, imagens de filmes fictícios como Anaconda, estão fixadas no imaginário popular, e contribui desta forma para a má fama das sucuris de devoradora de homens, o que não representa a realidade. Quando se sentem ameaçadas pelo homem, as sucuris geralmente mordem como forma de defesa. A captura e a manipulação inadequada destas cobras é que costumam resultar em acidentes.
Referências Bibliográficas:
IBAMA. 2011. http://detvsites-ibama.webnode.com.br/products/sucuri-/
Guedes, Maria Helena. 2015. As Sucuris! Clube de Autores (edição digital). 165 p.
FREITAS, Marco Antonio de. Serpentes brasileiras. Feira de Santana, BA, 2003. 120 p. ISBN: 85-86967-02-5.
Bérnils, R. S. & H. C. Costa. 2015. Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2015.2. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/
Uetz, P., Freed, P. & Jirí Hošek (eds.). 2016. The Reptile Database. Disponível em: http://www.reptile-database.org/