Se você tem filhos, é bom prestar atenção nessa informação: acidentes domésticos envolvendo crianças são mais comuns do que se possa imaginar e, infelizmente, podem deixar marcas para o resto da vida, especialmente se o acidente causar uma queimadura. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras no Brasil por ano, sendo as crianças as principais vítimas.
Um estudo feito pela Unidade de Tratamento de Queimados, da Divisão de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), mostrou que a maior ocorrência de queimaduras aconteceu em crianças com até dois anos de idade, sendo a escaldadura a causa mais frequente de queimadura. Nas crianças entre 5 e 13 anos, a causa mais comum é a combustão por álcool. Outro dado que chamou a atenção, foi que 68,4% dos acidentes ocorreram com meninos.
Segundo o cirurgião plástico, Dr. Luiz Molina, presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras e Professor Assistente da Disciplina de Cirurgia Plástica do HC-FMUSP, a queimadura é uma lesão provocada por contato direto com alguma fonte de calor ou de frio, produtos químicos, eletricidade, radiação, animais ou plantas (lagartas, água-viva, etc.).
“Entretanto, no dia a dia o mais comum são crianças que acidentalmente tiveram contato com água ou outro líquido fervente, principalmente na cozinha. Infelizmente, as queimaduras são a quarta causa de óbito e hospitalização por acidente de crianças e adolescentes menores que 14 anos. Além do risco de morte, as queimaduras costumam deixar cicatrizes que duram toda a vida e têm um enorme impacto social e emocional”, comenta Dr. Molina.
Quanto mais profunda a lesão, maior o risco de cicatriz
As queimaduras podem ser de primeiro, segundo e terceiro graus. Essa classificação vai depender de quão profunda foi a lesão. “A mais grave é a de terceiro grau, que atinge todas as camadas da pele, podendo chegar até ao osso.”, explica o especialista. As cicatrizes estão diretamente relacionadas com a profundidade da lesão.
Nas queimaduras de terceiro grau é necessário realizar cirurgias reparadoras com enxerto de pele. “O tratamento é longo, complexo e multidisciplinar. Atendemos centenas de crianças e adolescentes vítimas de queimaduras em nosso serviço e percebemos que é fundamental oferecer suporte para resgatar a autoestima e autoconfiança deste público”, diz Dr. Molina.
Projeto Acampamento NR
Ao longo da sua carreira, atuando na área de queimaduras, Dr. Molina decidiu se envolver em um trabalho social voltado para crianças e adolescentes vítimas de queimaduras.
“Acabei me envolvendo com a causa e faço parte da organização não-governamental CampSamba, que junto com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, na qual sou presidente, organiza um acampamento voltado para esse público todos os anos com o objetivo de promover experiências de convívio social com outras crianças. Isso ajuda a resgatar e fortalecer a autoestima e autoconfiança de crianças que sofreram queimaduras”.