Não bastasse as dificuldades inerentes da função, bombeiros que participam das buscas às vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, passaram a usar máscaras no trabalho sobre a lama. O forte mau cheiro dos corpos em decomposição já atraem dezenas de urubus ao local a medida que os corpos vão sendo encontrados na região da Mina Córrego do Feijão.
“Em todos os lugares onde tem lama, destroços, mato, tanto onde os bombeiros trabalham como os locais onde, parece, as buscas inda vão começar, há um cheiro muito forte. E a cada dia isso aumenta. Parece que o calor e o ressecamento da lama favorecem isso”, contou o repórter da TV Globo Minas, Danilo Girundi, que faz a cobertura da tragédia no local.
“Hoje, percebemos todos os bombeiros usando máscaras no rosto.”
De acordo com a assessoria de comunicação da corporação, as máscaras de proteção têm dupla função: evitar a inalação de resíduos tóxicos e dos equipamentos que eles estão utilizando nas buscas e, também, que os soldados sintam tão fortemente o mau cheiro.
Bombeiros começaram a usar máscaras durante o trabalho de resgate das vítimas, em Brumadinho — Foto: Reprodução/TV Globo
O porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara, comentou a respeito das dificuldades que os envolvidos no trabalho de resgate estão tendo.
“Em primeiro lugar, é bem impactante. Pela força da lama, muitas vezes não é possível encontrar o corpo íntegro. Muitas vezes são localizados segmentos de corpos. E existe um trabalho de dificuldade da localização porque, como todo ambiente está tomado de lama, a gente ter a precisão de identificar o que é um corpo, o que pode ser matéria orgânica de um animal… às vezes, na busca visual no sobrevoo, como a gente tem aquele tom todo monocromático, isso também prejudica. Por isso que a gente utilizou uma série de equipamentos específicos. Os corpos que estavam no nível superficial, já foi feito o trabalho de recuperação deles. Agora entra numa característica mais técnica da operação, que a gente precisa fazer várias escavações.”
Cansaço é visível no rosto dos soldados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo
Cansaço
O tenente Pedro Aihara destacou, ainda, que os militares estão sendo submetidos a um rodízio para que possam descansar.
“Os militares não estão há seis dias ininterruptos. Estão numa lógica de rodízio, mas evidente que pelo tipo de operação e pela demanda que a gente tem é um serviço extenuante. Têm circulado vídeos que mostram o cansaço físico e a exaustão, mas isso é inerente à nossa própria atividade. Ao final de uma operação como essa, nós saímos desgastados física e psicologicamente, mas pra tudo isso é feito um acompanhamento”, disse ele.
“A abnegação desses profissionais demonstra muito o esforço e a preocupação que a gente tem de trazer esses corpos da maneira mais respeitosa e rápida possível”, completou Aihara.
(*) Com informações de Henrique Coelho
Caminho da lama: veja por onde passaram os rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) — Foto: Betta Jaworski e Alexandre Mauro/G1