A ocitocina (ou oxitocina) é um hormônio produzido no cérebro e tem um papel muito importante na saúde física e mental do indivíduo, desde quando ele está na barriga da mãe até a vida adulta. Conhecida como hormônio do amor ou hormônio do aconchego, está vinculada ao sistema mamífero de cuidado, à linguagem amorosa, às emoções positivas e promove fortaleza do sistema imunológico.
Nas fases de gestação, parto e amamentação, a ocitocina normalmente é produzida pela mulher de forma natural, o próprio organismo faz esse trabalho. O hormônio promove a ligação entre mãe e filho. Por meio dos cuidados que recebe e a partir das primeiras experiências em cada etapa, o bebê passa a reconhecê-la como fonte de conforto, cria memórias emocionais de afeto, de segurança e de tranquilidade e não as esquece mais.
“O guru que me ensinou o valor da compaixão foi minha mãe. O primeiro ato depois do nascimento é depender da mãe e tomar seu leite. Na ocasião, você nem tem ideia de quem é aquela pessoa, mas simplesmente se agarra ao peito dela. Do lado da mãe, há um tremendo senso de carinho, afeição e compaixão. O vínculo e a proximidade entre a mãe e o filho – não são de lei ou de religião, são da natureza”, disse Dalai Lama em depoimento no documentário Happy.
Mas a ocitocina não é exclusiva das mães e/ou das mulheres. Os homens também a fabricam. Ela nutre a todos nós no longo prazo, pois está relacionada à linguagem de aproximação e de conexão. Afeta nossa personalidade, sobretudo nossa maneira de estabelecer relacionamentos nos diversos ciclos da vida. Age como um neurotransmissor, regulando nosso comportamento de interação social. É associada a sentimentos de proximidade e contentamento e contribui para nosso equilíbrio emocional.
Essa regulação das emoções acontece porque, à medida que vamos crescendo, segundo pesquisadores, nossa capacidade de nos acalmar vai se desenvolvendo a partir de nossas primeiras experiências. Trata-se de um processo de lembrança emocional, por assim dizer – um “cobertor de segurança” para situações de estresse. Se nossas primeiras experiências não foram tão ideais assim, precisamos construir aquela sensação de dor e segurança na idade adulta. Não podemos mudar nossos pais nem nossas experiências de infância, mas, quando adultos, podemos aprender diferentes maneiras de regular nossas emoções para lidar com os outros. E conosco. Portanto, seguindo a estratégia de “criar um cobertor de segurança para situações de estresse”, é importante lembrar que o estímulo de produção de ocitocina na infância influencia fortemente nosso limiar de autocompaixão e autoconfiança na idade adulta.
Podemos aprender a regular hormônios de bem-estar e segurança como a ocitocina. Hoje já se sabe que, ao perceber sensações de toque, carinho e conforto, nosso corpo a fabrica, seja em mulheres ou homens, afirma o Dr. Ricardo Balsimelli. Uma maneira de estimular nosso organismo a produzi-la é estar perto de pessoas de quem gostamos e amamos, e compartilhar momentos agradáveis com elas. O amor nos faz sentir seguros e confiantes (em parte, porque favorece a produção de ocitocina, uma retroalimentação amor-confiança/segurança – ocitocina-amor). Quando experimentamos sentimentos carinhosos e ternos/dóceis, não somente mudamos nossa mente, mas também nosso corpo. Em vez de nos sentirmos preocupados e ansiosos, nos sentimos tranquilos, satisfeitos, confiantes e seguros. E nos tornamos disponíveis – nesse estado de bem-estar, conseguimos olhar para nós mesmos e para os outros por meio do amor e da compaixão. Entender as vulnerabilidades, criar empatia, acolher, talvez ajudar. E, dessa forma, ativar espontaneamente nosso sistema mamífero de cuidado. Fonte: Dr. Ricardo Balsimelli.