O nome carinhoso que nós, brasileiros, demos ao Exame de Triagem Neonatal é uma forma de romantizar o teste e aproximar os pais do exame que pode detectar doenças raras nos bebês, logo nos primeiros dias de vida. Nem todos sabem, mas o Teste do Pezinho não é só um direito que toda criança tem ao nascer, ele é também obrigatório. O exame é mais do que uma recomendação do Ministério da Saúde, é prescrito por lei no Brasil. “É a oportunidade de achar doenças em bebês, antes mesmo deles ficarem doentes”, afirma o médico Armando Fonseca, fundador e diretor-geral do laboratório DLE – Diagnósticos Laboratoriais Especializados, do Grupo Pardini.
Em Dracena, na rede pública de Saúde, o teste é feito no Centro de Saúde Dr. Takashi Enokibara, Postão, de segunda à sexta das 7h às 11h. Conforme informações obtidas na sala de vacina, onde ocorre o teste, neste ano no período de janeiro até ontem, 6 de junho, foram realizados 185 testes em recém-nascidos. No mesmo período do ano que passou, foram 104 testes.
Ontem foi o Dia Nacional do Teste do Pezinho.
Pelo SUS, o exame detecta apenas seis doenças
Armando Fonseca, fundador e diretor-geral do laboratório DLE – Diagnósticos Laboratoriais Especializados, do Grupo Pardini conta que o teste foi criado na década de 1960, nos Estados Unidos, e é hoje o maior programa mundial de medicina preventiva em doenças genéticas. “O teste é importante porque leva ao diagnóstico de doenças raras que, quando tratadas desde os primeiros dias, melhora a qualidade de vida da criança e, em muitos casos, evita a morte”, explica o médico.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que o exame seja feito a partir de 48 horas após o nascimento do bebê e até o quinto dia de vida, já que as crianças acometidas por muitas das doenças pesquisadas através do Teste do Pezinho podem apresentar aspecto saudável ao nascimento.
No Brasil, o exame aplicado atualmente pelo SUS detecta apenas seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. O certo atraso na rede pública é motivo de campanhas entre médicos de todas as regiões para que os testes sejam ampliados.
Na rede privada, o exame pode encontrar, em média, cerca de 20 doenças. No entanto, os testes aplicados no DLE podem detectar ainda mais: de 50 a 100 patologias. Entre elas estão as infecções congênitas como a toxoplasmose, chagas, sífilis, HIV, e as doenças do metabolismo, tais como galactosemia, leucinose, tirosinemia e a deficiência de MCAD, que, quando não identificada e tratada logo nos primeiros meses de vida, provoca casos de hipoglicemia severa e consequentes convulsões nas crianças. “As estatísticas mostram que 25% dos bebês que não são diagnosticados morrem logo no primeiro episódio. As convulsões são, ainda, a explicação de parte dos casos de morte súbita durante a noite”, alerta o diretor do DLE.