A alta do preço do petróleo no mercado internacional chegou ao Brasil e deve ser repassada aos consumidores já nesta semana. A Petrobrás reajustou os valores da gasolina em 3,5% e o óleo diesel em 4,2% em suas refinarias. A revisão, que valerá a partir da zero hora desta quinta-feira, é uma reação ao atentado a refinarias na Arábia Saudita, que fez com que a commodity oscilasse até 20% na segunda-feira.
Na segunda-feira, quando o barril do Brent fechou a US$ 69,02, alta de quase 15%, a petroleira anunciou que aguardaria mais tempo para observar o comportamento da commodity. Em comunicado oficial, afirmou ter decidido “acompanhar a variação do mercado nos próximos dias e não fazer um ajuste de forma imediata”.
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista em Brasília ter conversado com o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, e ter recebido a informação de que a empresa continuaria observando a movimentação externa.
Nos últimos dois dias, o petróleo do tipo Brent, comercializado na Europa, até caiu, mas não na mesma proporção da alta. A Petrobrás, que mantém seus preços alinhados ao mercado internacional, manteve os valores inalterados num primeiro momento, mas cedeu ontem à pressão.
A empresa tem especial interesse em demonstrar que é independente do governo e que sua política de preços de combustíveis não está submetida a interesses políticos. Caso contrário, não vai conseguir atrair investidores para comprar suas refinarias. A venda está prevista no programa de desinvestimento da Petrobrás e, segundo a diretoria, terá contribuição especial na retomada da saúde financeira da petroleira.
“A Petrobrás está plenamente consciente das implicações de aumentar seus preços, principalmente do diesel. Se aumentou, foi porque a pressão sobre os seus custos estava muito grande. Não foi só uma resposta ao mercado para demonstrar que não está sujeita a ingerências políticas”, avaliou o especialista José Roberto Faveret, sócio do Faveret Lampert Advogados.
Alta nas bombas
Para o consumidor, a alta de preço nas refinarias deve chegar em breve. A expectativa é de que as distribuidoras, que fazem a intermediação entre as refinarias e os postos de gasolina, entreguem combustíveis com preços reajustados a partir de hoje, disse o presidente do Sincopetro-SP, José Alberto Gouveia, que representa os revendedores de combustíveis no Estado de São Paulo.
A decisão de repassar ou não a alta para os motoristas nos próximos dias é de cada dono de posto, que vai considerar outros fatores, como demanda e concorrência. “O reajuste vai chegar num dia em que a procura aumenta, numa quinta-feira, quando os motoristas enchem o tanque para o fim de semana”, complementou Gouveia.
No fim de semana, duas instalações da estatal Saudi Aramco foram atacadas. Os ataques fizeram cair para a metade a produção de petróleo do país, equivalente a 5,7 milhões de barris diários, aproximadamente 6% da produção mundial. Na terça-feira, o ministro saudita da Energia, príncipe Abdel Aziz bin Salman, anunciou que a produção de petróleo do país seria restabelecida até o fim de setembro. (Site do Sincopetro/ fonte: O Estado de São Paulo)