Segundo dados da Organização Mundial de Saúde(OMS), a síndrome de Burnout é reconhecida como uma doença a ser levado a sério e cresce de forma rápida em todo o mundo.
A cantora Anitta precisou às pressas cancelar a gravação de seu programa no Multishow esta semana por ordens médicas. Anitta foi diagnosticada com a síndrome de burnout, que é o ápice da tensão emocional crônica, consequência da exposição a prolongados níveis de estresse no trabalho ou qualquer outra área da vida, culminando em exaustão emocional, distanciamento das relações pessoais e diminuição do sentimento de realização.
O filósofo Fabiano de Abreu, especialista em comportamento humano, tem pesquisado sobre o tema e principalmente os seus desdobramentos sociais em conjunto com psicólogos e estudiosos da área, e aponta que é preciso muita cautela, pois não apenas famosos e profissionais muito requisitados estão sujeitos a sofrer um esgotamento total: “Eu cuido muito para não sofrer desse transtorno e acredito ter chegado próximo de um estado de esgotamento total por vários momentos. Mas não são apenas os famosos como a cantora Anitta que estão sujeitos a chegarem ao extremo, e por isso é preciso atenção aos sintomas e aos sinais”.
O que é a síndrome de Burnout
Através das observações clínicas de Freudenberger, psicólogo alemão do início do século 20, chegou-se à descoberta da Síndrome de Burnout, que vem da expressão em inglês “burn out” (ser consumido, queimado), que era usada para expressar uma exaustão emocional gradual, um cinismo e a ausência de comprometimento: “Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite, com grande prejuízo em seu desempenho físico ou mental”, explica o filósofo.
Fabiano expõe alguns dos desdobramentos que acometem os que sofrem com a Síndrome de Burnout: “Esta síndrome pode acarretar em comorbidade com alguns transtornos psiquiátricos, como a depressão. Os efeitos do burnout podem prejudicar o profissional em três níveis, o individual (físico, mental, profissional e social), profissional (atendimento negligente e lento ao cliente, contato impessoal com colegas de trabalho e/ou pacientes/clientes) e organizacional, gerando conflito com os membros da equipe, rotatividade, levando ao absenteísmo”.
Diagnóstico e sintomas
É preciso procurar um médico ou um psicólogo para um correto diagnóstico do Burnout. No entanto, alguns sintomas são perceptíveis e são um sinal de alerta para procurar ajuda profissional.
Para o diagnóstico, existem quatro concepções teóricas baseadas na possível etiologia da síndrome: clínica, sociopsicológica, organizacional, socio-histórica. Os sintomas são exaustão emocional (EE), distanciamento afetivo (despersonalização – DE), baixa realização profissional (RP) e depressão.
A exaustão emocional abrange sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, irritabilidade, tensão, diminuição de empatia; sensação de baixa energia, fraqueza, preocupação; aumento da suscetibilidade para doenças, cefaléias, náuseas, tensão muscular, dor lombar ou cervical, distúrbios do sono. O distanciamento afetivo provoca a sensação de alienação em relação aos outros, sendo a presença destes muitas vezes desagradável e não desejada. Já a baixa realização profissional ou baixa satisfação com o trabalho pode ser descrita como uma sensação de que muito pouco tem sido alcançado e o que é realizado não tem valor”.
Trabalho x Burnout
O trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade. Mas o trabalho nem sempre possibilita realização profissional.
Pode, ao contrário, causar problemas desde insatisfação até exaustão: “Além de filósofo e personal branding também sou assessor de imprensa, que é a minha principal ocupação atualmente, e isto exige muito de mim. Todos os dias lido com diversas pessoas de diferentes segmentos tendo que pensar em estratégias que demandam muito da minha criatividade. No fim do dia estou com meu cérebro já fritado. E preciso todos os dias estar pleno para escrever meus conceitos filosóficos, prestar consultorias e criar estratégias para que as pessoas tenham sucesso e buscar aprovações do que criei na imprensa. É um trabalho desgastante intenso e repetitivo, pois, por mais que os temas sejam diferentes, o tipo de conceito é o mesmo, a criação”.
Como prevenir a Síndrome de Burnout
Fabiano de Abreu traz dez conselhos para prevenir ser atingido pela síndrome de Burnout: “Não sou da área da saúde, não são receitas e sim conselhos dentro do cognitivo e da experiência como filósofo que estuda resiliência e humanas. Todas as doenças e transtornos devem ser consultados por um profissional da área da saúde”. Confira:
1 – Faça o que realmente gosta. Caso não possa trabalhar somente com o que gosta, então busque o que tem de bom na sua profissão e aprenda a gostar do que faz, a ver o lado positivo acima do negativo.
2 – Se a rotina te afeta, então mude-a de vez em quando. Nem que seja algo simples como mudar a mesa de posição ou ver a vida em novos ângulos para ter uma visão diferente da rotina.
3 – Aproveite todos os momentos de folga para pensar em algo totalmente diferente. Principalmente coisas que te agradem.
4 – Crie metas de lazer. Trabalhe duro durante a semana sabendo que naquela determinada data vai tirar seu dia de folga ou aquelas férias no lugar que gosta ou com pessoas que te fazem se sentir bem.
5 – Anote tudo em uma agenda para que não fique perdido e tenha facilidade de organizar seus afazeres.
6 – Não adianta querer fazer tudo ao mesmo tempo e nada sair direito. Organize suas tarefas com ordem de prioridade. Faça uma coisa de cada vez e faça bem feito.
7 – Organize seus horários e, mesmo que não consiga cumprir tudo à risca, pense que isso não é motivo para alarde. Não seja tão radical consigo mesmo.
8 – Não protele o que tem que fazer agora. Faça logo e bem feito, pois quando acabar, poderá gozar do alívio do dever cumprido.
9 – Se prenda de vez em quando a coisas que te agradam, eu por exemplo paro e fico olhando a natureza, mesmo que a natureza seja apenas uma árvore no caminho. Ou então um animalzinho de estimação.
10 – Esse é o mais importante. O controle. Tenha equilíbrio, medite, faça um autorreconhecimento e saiba aonde se encontra o seu limite e busque maneiras para manter esse equilíbrio, e não deixar que o excesso de funções te deixe doente. Não se esqueça que temos apenas uma vida, então viva-a da melhor maneira possível.