Um prédio residencial desabou na manhã desta terça-feira (15) no Bairro Dionísio Torres, área nobre de Fortaleza. O vídeo acima mostra o momento exato do desabamento e a movimentação de rua ao lado da construção.
Um boletim divulgado pelo Corpo de Bombeiros às 15h54 listou:
- 1 morto
- 9 resgatados com vida (cinco deles já identificados; veja mais abaixo)
- 10 desaparecidos (reclamados pelas famílias)
O que se sabe até agora
- Edifício Andréa desabou às 10h28
- Uma morte foi confirmada
- Ao menos nove pessoas foram resgatadas com vida
- Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas
- O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli
- O edifício estava a 3 quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
Testemunhas relatam que viram moradores dentro do edifício Andréa no momento do desabamento. Logo após a construção ruir, pessoas foram vistas correndo para longe do condomínio. A nuvem de poeira formada pela queda do prédio pode ser vista no vídeo acima.
Uma ex-moradora do prédio contou ao G1 que a construção tem mais de 40 anos e passava por reforma. A estrutura tinha sete andares e dois apartamentos por andar, segundo ela.
Um vídeo feito no condomínio nesta segunda-feira (14) mostra a situação precária das colunas de sustentação do edifício. Segundo testemunhas, o prédio estava em obras. Em um grupo de WhatsApp, moradores relataram preocupação com reforma realizada no local.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Maia Mota, afirmou em entrevista à BBC News Brasil que foi registrada, nesta segunda, Anotação de Responsabilidade Técnica informando uma reforma no Edifício Andréa.
De acordo com Maia, a anotação entrou ontem nos registros do Crea-CE em nome de um engenheiro que informava que uma reforma seria executada no prédio, sem especificar em que área seria esta obra.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU), no entanto, afirmou em nota que não encontrou nenhum registro de atividades de arquitetura cadastrado no Sistema de Informação do Conselho para o endereço do prédio.
“Caso o prédio estivesse em obras”, como relatam moradores, “deveria haver um profissional habilitado responsável, arquiteto ou engenheiro”, diz a entidade.
Os feridos já identificados
Até a última atualização desta reportagem, havia detalhes apenas sobre cinco dos nove feridos resgatados:
- Fernando Marques, de 20 anos – foi o primeiro resgatado com vida dos escombros; deu entrada com ferimentos no Instituto Doutor José Frota (IJF), hospital público de Fortaleza
- Antônia Peixoto Coelho, de 72 anos – estado de saúde considerado grave
- Cleide Maria da Cruz Carvalho, de 60 anos – deu entrada no hospital com ferimentos no corpo, mas o quadro é estável
- David Sampaio, de 22 anos – o estudante de arquitetura sofreu escoriações e foi levado à Otoclinica (clínica particular de Fortaleza); ele enviou uma selfie a familiares enquanto estava sob os escombros (clique aqui para ler a história)
- Gilson Gomes, de 53 anos – resgatado de um pequeno comércio ao lado do prédio
Estudante enviou selfie de debaixo de escombros de prédio que desabou em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal
David Martins, que foi resgatado de prédio em Fortaleza, enviou foto para tranquilizar a família — Foto: Reprodução
David Sampaio é resgatado pelo Corpo de Bombeiros após enviar selfie a familiares de debaixo dos escombros — Foto: Gustavo Pellizzon/G1
Bombeiros afirmaram ter recebido ligações de pessoas sob os escombros. O trabalho de resgate foi iniciado com base nas informações repassadas por familiares. Cães farejadores foram levados ao local para ajudar nas buscas por vítimas.
Ao menos 11 ambulâncias do Samu e quatro dos bombeiros foram para o local. Policiais militares, agentes de trânsito e equipes da Defesa Civil também acompanharam o resgate. Um helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) foi disponibilizado para auxiliar no transporte de pessoas feridas.
O Corpo de Bombeiros ampliou área de isolamento em torno de prédio. Agentes pediram que todos fiquem em silêncio na região para ouvir as pessoas sob os escombros e facilitar o trabalho de resgate.
Transeuntes se feriram
Transeuntes que passavam pelo local no momento desabamento do prédio tiveram ferimentos e foram encaminhados a clínicas próximas ao prédio.
“Eu estava em casa. […] Ouvi um barulho forte, como se fosse uma batida de caminhão, coisa do tipo. Em seguida ouvi um barulho desencadeado. Eu disse: ‘Não! Caiu alguma coisa, desabou alguma coisa. Olhei pela janela e vi poeira muito forte e gente correndo”, disse Mário Ferreira, morador da região.
Segundo o vigilante Vando Pereira, que estava em frente ao local, os destroços do prédio ficaram espalhados por toda a rua. Houve correria na hora do desabamento.
“Conseguimos sair correndo eu estava sentado. É muito tranquilo aqui. Minha rotina é sempre muito tranquila, pois tem mais é idoso no prédio. Eu vi só os estragos caindo tudo, pois estava mesmo debaixo. Foi muito rápido. Rápido demais. Não sei nem como estou aqui”, disse o vigilante.
Destroços de prédio de sete andares que desabou em Fortaleza — Foto: Cinthia Freitas/G1 Ceará
Já Caio Menezes chegou ao local alguns minutos após o desabamento. Ele contou que seus avós e mais dois familiares moram no prédio. Ele tentou contato por telefone várias vezes, mas não conseguiu.
“No prédio, moram meus avós, um casal de idosos, junto com a filha deles de aproximadamente 50 anos e o filho dela também, de uns 20 anos. Quatro pessoas na casa. Já estou tentando contato com eles via WhatsApp, muitas ligações, às vezes interceptar outro celular, mas ninguém atende”, lamentou.
O entregador Antônio Gomes Marcelino, de 34 anos, estava levando água a um estabelecimento comercial da região quando o Edifício Andréa desabou.
Antônio disse que estava descarregando o caminhão com outro entregador e que estava esperando que conseguissem tirar ele dos escombros. “Ele não conseguiu sair. Traga notícias dele. Eu nasci de novo. Eu corri, estava na parte embaixo, no comércio de frente”, afirmou.
Prefeitura monta plano de socorro
Por meio de nota, a Prefeitura de Fortaleza informou que montou um plano de contingência para atender as vítimas. Profissionais do Instituto Dr. José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, maior hospital de urgência e emergência do Ceará, foram deixados de prontidão para os atendimentos, junto com equipes de outras três unidades de saúde (UPA, Frotinhas e Gonzaguinhas).
O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, foi ao local do desabamento para acompanhar o resgate. O governador do Ceará, Camilo Santana, cumpria agenda em Brasília nesta terça em Brasília e cancelou os compromissos para retornar para a capital cearense.
A Defesa Civil de Fortaleza informou ter mandado duas equipes para o local. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) informou que vai se posicionar após fazer levantamentos na área.
Bombeiros alertam sobre risco de explosões
O Corpo de Bombeiros pediu para que todos os moradores da região deixassem suas residências. Segundo os bombeiros, há risco de explosões devido a um possível vazamentos de gás, além do risco de choque elétrico devido aos fios de energia espalhados pela rua.
Por conta do desabamento, um trecho da Avenida Antônio Sales até a a Avenida Tomás Acioli ficou bloqueado.
Antes e depois do prédio de 7 andares desabado em Fortaleza — Foto: Cinthia Freitas/G1 Ceará; Reprodução/Google Street View
Mapa: veja a localização do prédio que desabou em Fortaleza — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/Arte G1