O Brasil está em situação de alerta para as doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde notificou mais 1,5 milhão de casos prováveis de dengue, no ano passado. No período, 754 óbitos foram confirmados.
A maior incidência de casos da doença ocorreu na região Centro-Oeste. Foram mais de 1,3 mil casos por 100 mil habitantes. Em seguida, estão as regiões Sudeste, com 1,1 mil casos, e o Nordeste, com 372 casos por 100 mil habitantes.
Cláudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz de Brasília, explica que as questões climáticas e ambientais influenciaram para que determinadas regiões sejam mais afetadas que outras.
“Quando coincide a época quente com a de chuva e uma alternância entre períodos de chuva e períodos curtos de estiagem, estão dadas as condições ótimas para a reprodução do mosquito. Ele tem uma atividade maior no calor e precisa da água para se reproduzir.
Maierovitch ainda enumera outros fatores importantes para a proliferação da doença.
“Locais onde há uma concentração maior de pessoas, onde há intermitência ou falta de abastecimento de água que leve as pessoas a armazenar água dentro de casa, onde há falta ou deficiência na coleta de lixo… Tudo isso favorece a existência dos chamados criadouros, que são os locais onde os mosquitos se reproduzem”.
São Paulo e Minas Gerais concentraram a maioria dos casos prováveis do país. Ambos os estados registraram mais de 900 mil notificações, em 2019. Uma das vítimas foi Jaqueline Simões, 24 anos, do município mineiro de Janaúba. A psicóloga pegou dengue neste ano, após ir com amigos para o rio Gorutuba. Foi uma semana de cama, febre alta que chegou a 40 graus e dores fortes na cabeça e no estômago.
A jovem ficou tão debilitada que perdeu um processo seletivo para mestrado. Não bastasse a dengue, Jaqueline foi vítima do Aedes aegypti em outras ocasiões: em 2014, ela pegou chikungunya e, em 2017, zika na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. Hoje, ela analisa o quão doloroso foi o período em que pegou as doenças.
“Só passando para saber! Eu mesma não dava muita importância para isso, mas depois que eu senti, é muito difícil, é muita dor. É angustiante, pois não tem como ficar deitada, você não consegue dormir bem, para tudo. Até para ir ao banheiro fazer necessidades básicas é muito difícil”.
Em relação à distribuição espacial da dengue, o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostra que cerca de 50 regiões distribuídas nos estados do Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Acre, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará apresentaram taxas de incidência acima de 100 casos por 100 mil habitantes.
Em relação à letalidade por dengue, a taxa foi maior entre os idosos a partir de 60 anos, sendo que os mais afetados foram aqueles com mais de 80 anos.
Para evitar a proliferação da dengue, é importante que todos façam sua parte. Por isso, cuidado com água acumulada em casa, que pode se tornar possíveis criadouros, como vasos de plantas, pneus, garrafas e piscinas sem uso e manutenção. (Com informações/Agência Rádio)