O estado de São Paulo registrou 154 casos de feminicídio entre janeiro e novembro de 2019. O número é um recorde absoluto desse tipo de crime contra as mulheres, superando os 134 crimes do gênero em todo o ano de 2018. A informação é da presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati.
Em Dracena, a delegada Luciana Nunes Falcão Mendes, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) informou que no ano passado, na cidade foram registrados um caso de feminicídio consumado e outro de feminicídio tentado.
Dra. Luciana lembra que a vítima do feminicídio tinha 30 anos.
A delegada cita que quanto ao outro caso, o boletim de ocorrência envolveu três mulheres, uma mãe e duas filhas e elas tinham 49, 20 e 27 anos.
A presidente do Sindicato, a dra. Gallinati explica que o feminicídio não é um crime isolado. Ele é o ápice de um processo que começa com agressões verbais, humilhações e violência física.
“Por definição, o feminicídio é o assassinato decorrente da condição de mulher da vítima. Em 79% dos casos, o autor do crime é conhecido, na grande maioria companheiros e ex-companheiros das vítimas. A motivação, geralmente, ciúme ou vingança após separação do casal. Em 68% das ocorrências, o crime ocorre dentro da casa da vítima”.
A delegada Gallinati ressalta que muitas mulheres vivem isso diariamente e não se defendem por medo, dependência financeira, filhos ou porque sequer se dão conta de que estão em um relacionamento abusivo.
Segundo ela, quando elas se sentem fortalecidas para romper com esse ciclo, o agressor vê seu sentimento de posse ameaçado. É o momento em que o feminicídio acontece.
“Como delegada de polícia e presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, estou atenta e intensificando, junto com outras profissionais da área de Segurança Pública, ações diretas para colaborar no combate ao feminicídio e aos crimes contra a mulher. No final de 2019 lançamos o movimento Mulheres na Segurança Pública, que visa ampliar a presença feminina em posições estratégicas para o desenvolvimento de políticas de segurança e, com isso, aprimorar o atendimento de mulheres nas delegacias do Estado. Paralelamente, em 2020 palestras serão realizadas em escolas públicas para que os jovens recebam informação sobre o tema e tomem conhecimento das características da violência contra a mulher e como ela pode ser denunciada”.
A delegada aponta ainda que desde 2015, quando os homicídios motivados pelo simples fato da vítima ser mulher começaram a ser contabilizados, os números sobem todos os anos.
Como comparação, em 2019, de acordo com ela, crimes igualmente violentos, como homicídios e latrocínios tiveram redução significativa, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública. Por outro lado, o estupro, que também atinge as mulheres, cresceu 4% entre janeiro e novembro de 2019, em comparação com o ano anterior.