A cor branca tem um significado universal de paz, e é apropriadamente a cor escolhida pela grande maioria das pessoas para o réveillon. Mas o branco também traz aspectos de calma e equilíbrio. Por este motivo representa muito bem a campanha Janeiro Branco, voltada para a conscientização sobre a importância da saúde mental. O movimento, criado por psicólogos de Uberlândia em 2014, se fortaleceu e já acontece em várias cidades do Brasil. A campanha se baseia em ações e palestras realizadas em locais públicos, com o objetivo de atingir uma parcela significativa da população.
Tradicionalmente, a virada do ano é um momento de recomeço e de planos para o futuro. Mas, para muitos, o balanço do ano que passou pode vir acompanhado de muito sofrimento e transtornos de ordem psíquica e mental. Quando esse estado de fragilidade atinge níveis comprometedores, a procura por ajuda profissional é de extrema importância.
A psiquiatra do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Ana Carolina Chaves Alucio, esclarece que, apesar de a campanha acontecer apenas durante um mês, é importante que a saúde mental esteja em evidência durante o ano todo.
Segundo a Dra. Ana Carolina, “o preconceito e a exclusão que cercam os pacientes de doenças mentais devem ser combatidos com informações claras e bem fundamentadas, buscando o apoio das mídias e instituições sociais. O universo da saúde mental envolve inúmeros aspectos relacionados às emoções, relacionamentos, vínculos afetivos e estruturas sociais. É importante sensibilizar o poder público e a sociedade para que reconheçam a gravidade da tendência mundial ao adoecimento emocional do ser humano. E lutar para que investimentos sejam feitos na elaboração de projetos e políticas públicas que atendam às necessidades especiais de acompanhamento individualizado do paciente mental”.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. Desse número, aproximadamente 65 mil casos acontecem anualmente em todo o continente americano. No Brasil, de acordo com a cartilha do Ministério da Saúde, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida, por ano.
“Existe muito desconhecimento em relação às doenças mentais, especialmente sobre a depressão. Por isso, precisamos tratar esse assunto de forma ampla, levando informação à sociedade, por um lado, e assistência profissional, pelo outro, acolhendo com solidariedade as pessoas afetadas”, afirma.
“É no mês de janeiro que, geralmente, traçamos metas e projetos para o ano que está começando. Sendo assim, por que não incluir nesse planejamento os cuidados com a nossa saúde mental? Devemos ficar atentos aos sintomas que nos incapacitam ou geram sofrimento intenso e duradouro desproporcional ao fato gerador desta emoção. É importante evitar o isolamento e encontrar coragem para procurar um profissional da área de saúde mental, para o diagnóstico e tratamento corretos. E é fundamental que familiares e instituições reduzam o preconceito e reconheçam que a doença mental é uma doença real e, como tal, deve ser tratada”, finaliza a psiquiatra Ana Carolina Chaves Alucio.