Na noite da última terça-feira (14) moradores de cidades da região da Nova Alta Paulista relataram a aparição de um conjunto de pontos luminosos no céu. Depois disso, surgiram nas redes sociais diversas publicações com o mesmo relato, de moradores em diversas localidades.
Com postagens e comentários imediatos, sem a informação sobre a origem, a aparição dos pontos luminosos despertou diversas versões, sugerindo ser satélites, óvnis e até manifestações de cunho religioso e apocalíptico.
Siga Mais pesquisou o tema. O conjunto de pontos luminosos visto no céu da região compõe a terceira frota Starlink, com 60 minissatélites, lançados dia 6 de janeiro pela empresa SpaceX e que alcançaram a órbita com sucesso.
Segundo o canal de tecnologia Tilt, do UOL, o “trenzinho” de satélites passa duas vezes por dia por cima do Brasil, inicialmente durante o dia (o que impossibilitava sua visualização a olho nu), e mais recentemente a noite, mas serão vistos da Terra apenas nas três ou quatro semanas seguintes ao lançamento, pois estão bem juntos e em órbita baixa (cerca de 440 km). Com o tempo, eles vão se separando e, depois de um a quatro meses, sobem para cerca de 550 km, sua altitude operacional, o que torna bem mais difícil enxergá-los.
Assista o registro da primeira frota Starlink, em maio do ano passado. O arqueologista e astrônomo amador Dr. Marco Langbroek conseguiu filmar a movimentação dos 60 satélites, na Holanda:
Como acompanhar a trajetória?
O Tilt ensina como acompanhar, ao vivo, a trajetória da Starlink 3 por calculadoras astronômicas. Uma das sugestões é o Heavens Above. Clique aqui e siga estes passos:
– Faça a busca pelo nome da cidade certa, ou arraste e clique no mapa;
– Clique no botão “Confirmar alterações”;
– Na página seguinte, clique em “Starlink – 3rd launch placeholder”, e em “todas” novamente.
Como ver os satélites Starlink?
Para orientar o público, o Tilt preparou também outras orientações. Segundo o site, o que é possível ver daqui da Terra, em uma noite escura, é uma espécie de cordão de pérolas, como um trenzinho luminoso de estrelas se movimentando.
O que as pessoas veem é basicamente a luz do Sol sendo refletida na estrutura dos satélites. Para que isso aconteça, alguns fatores devem acontecer ao mesmo tempo:
– Céu escuro: deve ser noite no local da observação, longe de luzes, sem nuvens ou poluição;
– Altura do Sol: o disco solar deve estar entre 10 e 25 graus abaixo da linha do horizonte;
– Ângulo de elevação: o satélite deve estar pelo menos 25 graus acima do horizonte;
– Satélite iluminado: os raios de Sol devem estar atingindo diretamente o satélite;
– Usar binóculo ou telescópio: isso vai aumentar suas chances de observação.
Quando isso acontece, o satélite está potencialmente visível. De acordo com o Tilt, a possibilidade de observar a Starlink segue até o dia 19 de janeiro (domingo), o que vai depender apenas de fatores imprevisíveis como as condições atmosféricas do local de observação.
Satélites irão compor megassistema de banda larga
O lançamento do terceiro lote dos satélites pela SpaceX, dia 6 de janeiro último, faz parte dos planos da empresa para construir uma constelação gigante de milhares de satélites que formarão um sistema global de Internet de banda larga. Os outros dois lançamentos ocorreram no ano passado.
Segundo a SpaceX, serão lançados mais 60 deles a cada duas semanas nos próximos anos. O plano ambicioso de Elon Musk é construir uma constelação gigante de 42 mil satélites —para se ter uma ideia, há cerca de 9.000 estrelas visíveis a olho nu ao redor da Terra.
Se bem-sucedida, a Starlink formará um sistema global de internet mais barata e eficiente, que já poderia começar a funcionar no final de 2020.