Uma brincadeira irresponsável viralizou na internet durante essa semana. Chamada de ‘quebra crânio’, a brincadeira funciona da seguinte maneira: duas pessoas induzem uma outra a pular entre elas. Ao sair do chão, a pessoa que está no centro é desequilibrada pelas as outras duas com uma rasteira.

O que poucas pessoas sabem é que os autores dessa ação podem ser enquadrados em diversos crimes do código penal brasileiro. “A conduta de ofender a integridade corporal e a saúde de outra pessoa, é considerada lesão corporal dolosa, com pena de detenção, podendo variar de três meses a um ano. Se a lesão resulta em algo mais grave, é enquadrado o crime de lesão corporal de natureza grave. Essa lei é ativa quando ocorre quando a vítima apresenta incapacidade de ocupação normais por mais de 30 dias, gera perigo de vida ou debilidade permanente. Nesses casos a pena é de reclusão de um a cinco anos. Caso os autores forem menores de idade, o ato infracional será encaminhado para a vara de infância e juventude”, disse Alexandre Luengo, delegado que atua em Dracena.

Segundo o delegado, caso a ação ocasione no falecimento da vítima, as penas são mais pesadas. “Se a ação acarretar em morte, a pena pode ir de quatro a doze anos de reclusão”, disse Luengo. Ele ainda afirma que em caso de lesão grave, gravíssima ou morte, o estado pode interferir e representar contra o autor. Luengo afirma que as vítimas lesadas podem sim representar contra os autores. “Em caso de lesão leve, quem sofreu com a brincadeira e quiser representar contra os autores, o processo irá ser levado adiante”, afirmou.

Para ele, as redes sociais são fortes influenciadoras nos jovens, tanto para o bem, como para o mal. “Ao mesmo tempo em que se espalhou de forma rápida a brincadeira, o ‘fogo amigo’ já entrou em ação. É importante difundir nas redes sociais campanhas de conscientização para evitar essa ‘brincadeira de mal gosto’. Já estão circulando vídeos que ajudam muito os jovens entenderem os riscos que ela pode acarretar”, completou.

Para o delegado, os pais devem estar próximos dos filhos e conversar sobre o assunto. “Devemos alertar nossos filhos para que não faça essa brincadeira. Nem como autor e muito menos se deixe ser vítima”, disse Luengo. “Quem se sentir lesado pela brincadeira e querer representar contra os autores é só procurar a polícia e formalizar um boletim de ocorrência”, finalizou.

Lesões

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia emitiu uma nota oficial alertando sobre os riscos e lesões que a brincadeira pode causar. Confira um trecho da nota: “Esta queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e encéfalo (Traumatismo Cranioencefálico – TCE), além de danos à coluna vertebral. Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo aos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito.”