A partir desta segunda-feira (16) as escolas da rede estadual de São Paulo começam a ser suspensas gradualmente. Até sexta-feira (20) as unidades estarão abertas para que os responsáveis pelos estudantes se organizem para mantê-los em casa.
A partir do dia 23 de março, as escolas estarão fechadas por tempo indeterminado. A medida visa diminuir o risco de contaminação do novo coronavírus.
Nesta segunda pela manhã, o secretário estadual da Educação Rossieli Soares apresentou uma videoconferência direcionada aos dirigentes regionais, prefeitos, secretários municipais de educação, supervisores e diretores de escola.
Também participaram o secretário estadual da Saúde, José Henrique German; a presidente da Undime-SP Márcia Bernardes; secretário da Educação do município de São Paulo Bruno Caetano; e o presidente do Conselho Estadual da Educação Hubert Alqueres.
Rossieli tirou dúvidas e reforçou a importância do distanciamento social neste momento e a necessidade de proteger os idosos.
A partir desta terça-feira (17), todos os trabalhadores da Seduc com mais de 60 anos farão home office.
“Ao restringir o contato social tentamos evitar o aumento exponencial dos casos. Estudos apontam que a cada três dias o número de casos poder dobrar. Sem esse tipo de medida [de suspender as aulas], podemos vai chegar a um colapso.”
O secretário lembrou ainda que em muitos casos, crianças e jovens não apresentam sintomas, mas podem ser transmissores do vírus, pondo em risco as próprias famílias e os servidores da escola.
Rossieli ressaltou que a Seduc fará comunicações frequentes com toda a comunidade escolar por diversos canais, e pediu atenção às fake news.
“Procure informações em sites oficiais do Governo, se houver dúvidas nos enviem. Vamos evitar as fakes news, que não colaboram em nada, o que nos ajuda é o senso de colaboração. Esse vírus começou com uma pessoa e se espalhou. Para combatê-lo, a solução é trabalhar junto”, reforça o secretário.
Suspensão das aulas
Durante esta semana os alunos ausentes não receberão faltas e não haverá aplicação de conteúdo pedagógico.
O Conselho Estadual da Educação se reúne nesta quarta-feira (18) para discutir como as escolas poderão manter atividades pedagógicas mesmo a distância e dessa forma garantir os dias letivos previstos pela legislação.
“Estamos em um processo de construção, nós temos um inimigo em comum. Como se defender? Com muita união e solidariedade e acolhimento. As medidas estão sendo tomadas”, afirmou presidente do Conselho Estadual da Educação Hubert Alqueres.
A Seduc também estuda parcerias com empresas de tecnologia para disponibilizar conteúdos por meio de EAD (ensino a distância). Além disso, a pasta analisa a questão do fornecimento de merenda para os estudantes mais vulneráveis.
As aulas na rede municipal de São Paulo também serão fechadas gradualmente assim como no estado. O secretário municipal de Educação Bruno Caetano lembrou que até a última sexta-feira as pessoas que não tinham viajado para o exterior e também não tinha tido contato com pessoas diagnosticadas pelo coronavírus, sentiam-se protegidas. Mas agora a doença mudou de patamar.
“Por isso houve mudanças nas medidas anunciadas, para que a gente possa preservar as nossas crianças e nossas famílias. A pessoa que mora em um bairro distante da cidade de São Paulo precisa entender que existe o risco da contaminação doméstica. É preciso tomar cuidado com isso”, explica Bruno Caetano.
Rede particular e municípios
A orientação é para que a rede particular, assim como os demais municípios do estado, também acompanhem a medida.
A presidente da Undime-SP, Marcia Bernardes, afirmou a importância de os municípios pequenos, do interior do estado, aderirem à suspensão como prevenção ao novo coronavírus.
“Conversem com seus prefeitos e ouçam a orientações da Undime, passadas em conjunto com a Secretaria da Educação. A suspensão das aulas não significa isolamento e sim, distanciamento social. Se a gente conseguir fazer isso de forma coletiva, no estado todo, temos mais chances de retomar a rotina das aulas o quanto antes”, diz Marcia.
No caso da educação infantil, que fica a cargo dos municípios, o secretário Rossieli Soares lembrou que há ainda a dificuldade de conscientizar crianças muito pequenas a não colocarem as mãos na boca ou ainda tossirem cobrindo a boca.
Saúde
Na videoconferência o secretário estadual da Saúde José Henrique German reforçou que 80% das pessoas infectadas pelo covid-19 terão sintomas leves.
“As pessoas que apresentam sintomas não precisam procurar serviço de saúde, só se eles se agravarem. E a entrada é sempre pela UBS”, explica German.
Desde sexta-feira, a transmissão do vírus passou a ser comunitária, ou seja, não ocorre mais somente entre pessoas que fizeram viagens internacionais.
Como a transmissão ocorre por meio de gotículas, por via respiratória, todo cuidado é importante. Helena Sato, diretora técnica da secretária de Saúde, lembra que neste período é necessário evitar até mesmo beijos, abraços e apertos de mãos. “Nós brasileiros somos muito efusivos, vamos ter de mudar o comportamento por um período.”