É hora de dormir e seu filho começa a reclamar com dor. Ele diz que a perna dói. Esse sintoma se não for acompanhado de mais nenhum outro e nem piora com movimentos, provavelmente se trata da chamada “dor do crescimento”. Ela é muito comum na infância e pode aparecer em crianças de 3 a 12 anos. Porém, também há relatos desse tipo de incômodo na adolescência.

Segundo especialistas acredita-se que entre 5% e 15% da população infantil enfrente o problema pelo menos uma vez na vida. Pesquisas realizadas em universidades estrangeiras chegam a apontar prevalências de 40%. Quase metade das crianças acometidas frequentemente por essa sensação (de 30% a 50% delas) pode manifestar dor de cabeça associada.

A dor do crescimento aparece normalmente, no fim da tarde e à noite, nas pernas e nas coxas, mas pode também acometer os braços. Ela seria reflexo do excesso de uso, algo muito parecido a uma fratura por estresse. Mas ainda não há confirmação científica. Segundo especialistas é possível fazer o diagnóstico somente com exame clínico.

“Há também a hipótese de que se trate de uma fadiga muscular, provocada pelo excesso de atividade ao longo do dia, que pode ser agravada pelo estresse, comum em períodos de provas escolares ou de conflitos emocionais e familiares. Desconfia-se ainda de que o sintoma seja hereditário, já que a maioria dos pais de crianças com o problema também o encarou na infância. Como não é considerada uma doença, não existe cura: a busca é por alívio de sintomas”, afirma médico ortopedista pediátrico David Nordon.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo o acolhimento é eficaz em 80% dos casos. Os dados revelam que basta conversar com a criança, tranquilizando-a, enquanto faz massagens com cremes ou óleos. Aplicar uma bolsa de água morna na região dolorida também pode ajudar.

“Quando essas medidas não funcionam, costumamos recomendar exercícios de alongamento, sempre orientados por um profissional, além de natação, que é uma atividade de baixo impacto. O objetivo é trocar o tipo de exercício feito pela criança, zerando a carga, e assim ajudando a diminuir a dor. O foco nesta fase é reduzir o número de episódios dolorosos e evitar o uso de medicamentos. No entanto, em situações raras, podemos prescrever analgésicos para aliviar a dor”, finaliza David Nordon.

Fonte: David Nordon é médico ortopedista pediátrico pelo HC FMUSP – Preceptor de ortopedia Pediátrica da PUCSP, Preceptor de Ortopedia do Hospital do Pari e Preceptor de ortopedia do HESAP.