O partido é o mesmo: o PSDB. Porém, o prefeito de Presidente Prudente, Nelson Bugalho, decidiu contrariar radicalmente as determinações do governador João Doria ao anunciar, nesta sexta-feira (24), a reabertura parcial do comércio.Um dia antes, Doria havia antecipado que vai adotar medidas judiciais contra “rebeldias” e vetou qualquer mudança ou flexibilização nas regras de isolamento social até o dia 10 de maio.
Em coletiva realizada no Centro Cultural Matarazzo, Bugalho assinou o Decreto de n° 30.386, que estabelece normas para funcionamento do comércio e da prestação de serviços.
A partir de terça-feira (28), o comércio local e prestadores de serviços poderão prestar atendimentos presenciais individuais de segunda a sexta-feira, sendo no horário das 9h às 15h aos prestadores de serviços, e das 10h às 16h aos comerciantes.
Já aos sábados, ambos poderão funcionar das 9h às 12h.
Ignorou o governador
“A nossa situação é diferente da realidade de grandes centros. A economia de Prudente é fortemente dependente do comércio [sendo 10.423 estabelecimentos] e da prestação de serviço [17.907 trabalhadores]. Estamos tentando encontrar um equilíbrio para, mesmo que de forma tímida, fomentarmos a economia. O Governo se preocupa primeiramente com a saúde das pessoas, mas a realidade de Prudente possibilita promovermos esse movimento”, disse o prefeito.
Os empresários deverão se atentar a regras para evitar aglomeração de pessoas. Além do distanciamento, os comerciantes deverão disponibilizar álcool em gel ou 70% nos estabelecimentos; manter o ambiente higienizado, preferencialmente com água sanitária, bem como ventilados; além de tornar pública a obrigatoriedade do uso de máscaras, inclusive os funcionários deverão utilizá-las, assim como os clientes.
“Não poderá haver atendimento algum sem o uso de máscaras ou infringindo as demais medidas de higiene e segurança. Será necessária a adesão [das regras do decreto] por parte do comerciante e da população. Caso não haja uma adesão maciça, teremos de suspender o decreto”, acrescentou Bugalho.
Fora da lista
Conforme antecipou o Portal, ficaram fora da lista shoppings, galerias, casas noturnas e estabelecimentos congêneres, academias, centros de ginásticas e clubes, além de celebrações religiosas e consumo em bares, restaurantes, padarias, entre outros.
Doria vai acionar a Justiça contra “rebeldes”
Diferentemente do decreto apresentado por Bugalho, o governador João Doria vetou qualquer possibilidade de flexibilização da abertura do comércio antes do dia 10 de maio. Em coletiva na quinta-feira (23), deixou claro ainda a necessidade dos municípios atingirem, no mínimo, índice de 50% de isolamento social.
Prudente ficaria fora da lista ao apresentar média abaixo do exigido. Nessa quinta, o índice na capital do Oeste Paulista foi de apenas 41%.
Desde que começou o monitoramento, a cidade ultrapassou a linha dos 50% em apenas seis vezes.
“A orientação é sempre da ciência e da medicina. Não poderemos fazer nenhuma flexibilização se não tivermos um índice mínimo de 50% de pessoas em casa. Só faremos isso se a orientação da saúde, da medicina e da ciência for nesse sentido”, disse o governador.
“Cidades onde a população está respondendo bem, positivamente, na defesa da sua saúde estas cidades e regiões certamente serão atendidas pelo programa de flexibilização após o dia 10. Cidades que não estiverem respondendo adequadamente nós teremos um outro comportamento”, frisou Doria.
Questionado sobre municípios que decidiram flexibilizar as regras da quarentena, o governador alertou para medidas judiciais que serão tomadas pelo Estado. “A orientação do Governo de São Paulo é para que nenhum município, nenhum município, até o término da atual quarentena no dia 10 de maio. Apenas depois e sob orientação do Governo do Estado de São Paulo. Faço um apelo a prefeitos e prefeitas que não se precipitem, que não cedam à pressão local seja de onde for para liberar ainda que parcialmente o comércio ou outras áreas de serviço”, pontuou.
“Se não fizerem por rebeldia ou por alguma decisão de ordem pessoal, política ou local nós teremos que adotar medidas judiciais, como já fizemos em outros casos. Preferimos o diálogo, mas se necessário faremos o uso da Justiça”, cravou o governador.