Desde o início do mês de maio foi possível notar o aumento de diversos alimentos nas prateleiras dos supermercados. O feijão, por exemplo, foi um dos que mais sofreram reajuste.

Tentando entender a situação, a equipe de reportagem do Jornal Regional conversou com um proprietário de supermercado na cidade.

Jeferson Milena explicou que vários fatores interferem nos preços. “Os alimentos possuem mercados diferentes, pois seus valores dependem de vários fatores como produção, clima, sazonalidade e não tão somente da oferta e procura”, disse.

O empresário acredita que por isso os valores oscilam frente a uma média da inflação que se mantém baixa nos últimos meses. Ele ainda falou que produtos importantes para o dia a dia foram os que mais subiram. “Os maiores reajuste durante a pandemia estão por conta do leite integral, feijão, arroz, trigo e açúcar, produtos ligados diretamente ao dia a dia da população”, afirmou.

Sobre as constantes altas, Jeferson ressaltou que as indústrias não avisam os supermercados previamente. “Não há aviso prévio sobre reajuste por parte das indústrias, o que acontece é que os empresários têm que ficar atentos às movimentações do mercado e, assim tentar antecipar os reajustes fazendo compras maiores e pontuais”, explicou.

Já Bruno Troyano, de uma rede de supermercados que tem lojas na cidade e região acredita que diversos fatores influenciam a subida dos preços. “O trigo e
seus derivados, por exemplo, primeiro que nesse período do ano o trigo é todo importado, uma vez que estamos na entressafra no Brasil, com o aumento significativo do dólar este produto naturalmente sofreu reajuste. Boa parte do trigo importado vem da Argentina que aumentou em 12% suas taxas de exportação, encarecendo ainda mais o produto. Outro exemplo é o feijão, que segundo os fornecedores teve uma quebra na safra em 30%, ou por geadas ou por secas, já a soja e o arroz com a desvalorização do real, países com moedas mais fortes estão comprando grandes quantidades dessas commodities a valores maiores que o praticado no mercado interno pressionado assim os preços desses produtos”, explicou Troyano.

Para ele, o leite foi um grande vilão nos aumentos de preços nos últimos meses. “A justificativa dos fornecedores é que o preço do leite sobe neste período, entre março e setembro, onde a condição climática no Brasil não é favorável à chuva, o que prejudica a produção do leite e consequentemente a oferta desse produto”, afirmou.

Segundo Troyano, essa mudança repentina nos preços é prejudicial aos supermercados, pois são apenas revendedores dos produtos. “Quando há aumentos nos alimentos, principalmente nos alimentos da cesta básica de forma repentina como as que vimos nos últimos meses, os supermercados enfrentam grandes dificuldades, pois não conseguem repassar todos esses aumentos e, às vezes até absorvem parte desses aumentos para não impactar o cliente. O consumidor acaba atribuindo a alta dos preços dos produtos aos supermercados, quando na verdade, os supermercados são intermediários da cadeia de produção e distribuição e apenas repassam para o consumidor final o valor pago nos produtos aos seus fornecedores”, disse Troyano.

O empresário ainda afirmou que alguns institutos de pesquisas ajudam a antecipar possíveis reajustes nos preços. “Alguns órgãos de pesquisas também nos ajudam a acompanhar o comportamento de preço dos produtos como, por exemplo, a ESALQ e CEPEA”, disse ele.

Para finalizar, Troyano ressaltou que essas mudanças atingem os supermercados e fazem com que as empresas procurem não interferir diretamente no preço para os consumidores. “É preciso equalizar estoques, otimizar a gestão e controles de datas de vencimentos, o setor comercial intensifica a rotina de busca de melhores preços junto aos fornecedores bem como busca de alternativas para evitar que as altas cheguem as prateleiras”, concluiu.