A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou em sessão virtual extraordinária na madrugada desta sexta-feira (25) o projeto de lei proposto pelo governo que autoriza a antecipação do feriado de 9 de julho (Revolução Constitucionalista) em todo estado para a próxima segunda-feira (25), com o objetivo de aumentar o isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus.
O projeto foi aprovado por volta das 3h30 com a maioria de 47 votos favoráveis, e 5 contra. Segundo apurado pelo G1, a sanção deve ser publicada em uma edição extraordinária do Diário Oficial neste sábado (23).
Deputados que votaram contra o projeto demonstraram preocupação com o fato de as pessoas viajarem no feriado e aumentarem os focos de contaminação pelo estado, alguns também afirmaram que falta transparência por parte do governo na elaboração de medidas contra a pandemia. Alguns deputados da oposição que votaram a favor do projeto também questionaram que a medida não seria suficiente e cobraram restrições mais duras, além de garantia de renda para que famílias vulneráveis possam cumprir o isolamento.
As emedas enviadas ao PL serão votadas na manhã desta sexta (22), em uma nova sessão extraordinária.
Dentre as propostas, os deputados vão analisar a implantação de barreiras em um raio de 150 km da capital e também no litoral.
Há também a proposta que prevê a inclusão dos parlamentares no comitê de contingência de coronavírus.
Megaferiado
Na cidade de São Paulo, a Câmara Municipal já havia aprovado o projeto de lei que permitiu a antecipação dos feriados municipais de Corpus Christi (11 de junho) e da Consciência Negra (20 de novembro) para esta quarta (20) e quinta-feira (21). Na sexta-feira (22), foi declarado ponto facultativo na cidade.
A antecipação dos feriados foi mais uma tentativa do governador João Doria (PSDB) e do prefeito Bruno Covas (PSDB) de aumentar o isolamento social antes de decretar medidas mais restritivas como o fechamento total, o chamado “lockdown”.
Embora o governo afirme e o protocolo para o lockdown já esteja pronto, ele ainda não foi decretado, e o que está em vigor no estado é a ampliação da quarentena obrigatória que determina abertura apenas de serviços considerados essenciais até 31 de maio.
O deputado Paulo Fiorilo (PT) chegou a propor uma emenda que estipulava o lockdown a partir de junho e o texto foi replicado nas redes sociais como se a medida já estivesse valendo, mas a emenda foi rejeitada nas comissões da Alesp antes da votação desta quinta-feira.
Nesta quinta-feira (21), o estado de São Paulo chegou ao total de 5.558 mortes pelo novo coronavírus e 73.739 casos confirmados. Embora a capital ainda seja o epicentro da Covid-19, estudos apontam que a doença avança de forma acelerada para o interior e litoral.
Feriado prolongado
A taxa de isolamento social na cidade de São Paulo subiu para 51% nesta quarta-feira (20), primeiro dia do feriado prolongado antecipado na capital, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (21) pelo governo estadual. O índice no estado ficou em 49%.
Embora o valor seja maior do que o registrado na terça-feira (49% na cidade e 48% no estado), ele ainda está abaixo da meta de 55% a 60% estipulada pelo governo para conter o avanço de contaminação do coronavírus. Segundo as autoridades de saúde, o valor ideal seria de 70%.
Embora os índices de trânsito tenham ficados zerados na cidade na quarta, o primeiro dia de feriado antecipado teve movimento grande de pessoas nas ruas, lojas abertas, e descumprimento da obrigatoriedade de usar máscaras ao sair na rua.
O feriado prolongado na capital gerou apreensão em várias cidades do interior e do litoral pela possibilidade do aumento no número de turistas. Na noite de terça (19), a Justiça autorizou bloqueios em estradas no acesso a cinco cidades (Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Pedro de Toledo e Itariri) da Baixada Santista, o que chegou a ser feito ao longo do dia. Mas uma nova decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), publicada na tarde de quarta, suspendeu a liminar.
Manifestantes chegaram a interditar a rodovia Rio-Santos com fogo em objetos na noite de terça-feira em protesto contra “feriadão”. Entradas de praias no litoral norte também foram fechadas para evitar a aglomeração de turistas.
Antes do “feriadão”, o prefeito Bruno Covas (PSDB) já havia tentado realizar bloqueios nas vias da cidade, mas profissionais de saúde chegaram a ficar presos no trânsito e a medida foi abandonada após não surtir o efeito de isolamento esperado. Na sequência, a cidade adotou um rodízio ampliado e mias restritivo de veículos, que aumentou o movimento no transporte público e também foi suspenso após não refletir como esperado nos índices de isolamento.