Com o avanço da pandemia do COVID-19 no país, foi possível observar que o número de pessoas infectadas com menos de 60 vem aumentando, sendo até superior ao dos idosos. No entanto, é ainda com a população da terceira idade que o risco de letalidade segue preocupante, é o que afirma especialistas da Rede de Hospitais São Camilo em São Paulo.
Segundo dados do Governo de São Paulo, mesmo não sendo a maioria dos casos confirmados da doença, o percentual de óbitos entre pessoas com 60 anos ou mais é de aproximadamente 78%.
Uma das razões apontadas pelos especialistas é de que, com a idade, são maiores os riscos de o paciente apresentar doenças preexistentes que podem agravar um quadro de COVID-19.
Doenças crônicas, como diabetes, asma, hipertensão ou doença cardíaca, são fatores agravantes, pois fragilizam o organismo do idoso, tornando-o mais vulnerável à evolução do vírus.
Em Dracena, há duas instituições consideradas de longa permanência para idosos (ILPI), ou seja, locais onde funcionam como a residência deles. São elas, a Casa dos Velhos e o Lar Sã Doutrina. Para manter a saúde dos seus assistidos vários cuidados foram adotados de maneira ainda mais rigorosa.
A diretoria da Casa dos Velhos informa que vem tomando todos os cuidados em relação à pandemia/COVID 19, com objetivo de prevenção e proteção tanto para os idosos quanto para os funcionários. Atualmente a entidade está com 38 idosos.
Foram suspensas as visitas dos familiares dos idosos acolhidos e pessoas da comunidade. Dentro da instituição e nas suas dependências somente é permitido o acesso dos funcionários, ou situações de urgência e emergência é liberado o acesso a outras pessoas. A direção pontou que o contato com os familiares neste primeiro momento é realizado através de ligações telefônicas. Também está sendo utilizado o recurso de videochamada, podendo realizar o contato em tempo real.
Até entre os próprios idosos, a rotina mudou. “Temos evitado a circulação de idosos masculinos e femininos em outras alas, respeitando a distância de no mínimo 1 metro um do outro. Com frequência é feita a lavagem das mãos dos idosos e utilizado álcool em gel 70%. Ao saírem para eventuais consultas e atendimentos médicos são adotas as medidas necessárias e o uso de equipamentos, incluindo máscaras”, afirma a direção.
Também está sendo evitado o compartilhamento de objetos pessoais entre os idosos.
A diretoria da Casa dos Velhos conta que até o momento nenhum idoso apresentou sintomas do COVID/19. O trabalho está intenso quanto às orientações sobre o COVID/19 aos idosos e aos funcionários. “Em relação aos funcionários foram realizadas reuniões, e vamos adaptando estratégias conforme a necessidade, os funcionários da enfermagem: se deslocam para a ILPI com suas roupas pessoais, e ao chegar à Instituição entram pela parte dos fundos onde é realizada a higienização das mãos na técnica, substituem suas roupas pelo uniforme e EPI para iniciarem seus plantões”, informa.
Os funcionários acima de 60 anos, foram afastados de suas funções por estarem dentro do grupo de risco e qualquer pessoa que chegar à ILPI, tem que estar fazendo uso de máscara, higienizar as mãos com álcool em gel 70% e higienizar as solas dos sapatos com solução de água sanitária e água, e aguardar a autorização para o acesso na Instituição.
“Cabe ressaltar que estamos seguindo todas as orientações dos Órgãos pertinentes, que trata sobre a pandemia (COVID/19), e vamos nos adequando e criando estratégias conforme a necessidade, com o objetivo de intensificar os cuidados com os idosos”.
Geriatra explica porque os idosos tem maior risco ao contrair a doença
Conforme explica a dra. Aline Thomaz, geriatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, mesmo sem apresentar comorbidades, os idosos correm maior risco de complicações e sintomas mais graves do que os que acometem crianças, jovens e adultos.
“Até 39 anos, a taxa de mortalidade é de 0,2%. Sobe para 0,4% em pessoas acima de 40 anos. Chega a 1,3% na faixa de 50 e 69 anos e avança para 8% dos 70 aos 79 anos. No caso dos infectados com mais de 80 anos, a taxa dá um grande salto, chegando a 14,8%”, destaca.
A médica ressalta que o principal motivo é a capacidade de resposta do sistema imunológico mais lenta e fraca à medida que a pessoa envelhece e isso prejudica a reação corporal aos patógenos e à infecção viral. Dessa forma, os cuidados devem ser redobrados.
(Rosana Gonçalves/Portal Regional)