Um ramo da economia está aumentando consideravelmente suas vendas durante a pandemia do covid-19. O ramo de embalagens viu parte de seus produtos sofrer o impacto do crescimento e necessidade de restaurantes se reinventarem com entregas e retiradas de produtos.

João Paulo Russo, proprietário de uma loja de embalagens em Dracena disse que apesar do crescimento de 80% nas vendas, muita coisa não é como parece. “Realmente a venda de embalagens para restaurantes cresceu bastante. Porém, não é real graças a vários oportunistas”, disse Russo.

No início da pandemia, Russo disse que sua loja chegou a registrar 70% em queda nas vendas. “Ainda era muito incerto, o primeiro mês da quarentena foi ruim, pois os restaurantes ainda estavam se adaptando e se reinventando mediante a nova realidade”, disse ele.

Ele explicou que com a pandemia, muitos fornecedores subiram os preços, o que não reflete no lucro real do crescimento de vendas. “Tiveram produtos que subiram cerca de 3000% para ter uma ideia. Sem contar o problema no fornecimento. É a lei da oferta e procura. Muita procura pouca oferta e preços no alto. Baixa procura, como era antes da pandemia, menores serão os preços”, explicou.

Russo contou que por se tratarem de produtos recicláveis e muitas cooperativas diminuíram suas operações, parte destas embalagens sofreram com abastecimento. “Pela matéria prima ser derivada da reciclagem a produção caiu bastante. Existem fornecedores dando prazos maiores que 30, 40 dias”, ressaltou Russo.

Apesar disso, o empresário vê com bons olhos o futuro do ramo. “Cem por cento das empresas tiveram que se adaptar aos novos métodos de higienização. Acredito que passada a pandemia, 80% continuarão clientes e precisando de embalagens para álcool em gel, sabonete, luvas, máscaras, entre outros. Traço como comparação a lei antifumo. Quando entrou em vigor, todos tiveram que se adaptar. Hoje até em reuniões de famílias as pessoas respeitam esta lei. A higienização será da mesma maneira, uma rotina”, acredita Russo.

Segundo ele, até clientes menores estão se adequando. “Hoje, mesmo que empresa familiar, não pode mais compartilhar copos, toalhas e produtos de higiene. Então a procura por suporte de papel toalha, sabonete líquido, álcool em gel e copos descartáveis também subiu”, falou Russo.

Segundo ele, outro fator que influenciou bastante no aumento das vendas de embalagens: a ‘gourmetização’. “Hoje os restaurantes entenderam que a embalagem agrega valor ao produto. Antes eles nos viam como um investimento desnecessário. Com as redes sociais e necessidade de divulgação, os restaurantes estão apostando em embalagens melhores, mais bonitas, personalizadas. Eles entenderam que o produto em uma embalagem melhor agregaria valor. Esse ramo tende a ficar maior e cada vez mais sofisticado”, finalizou.

João Paulo Russo, proprietário de uma loja de embalagens na cidade (Pedro Reis/JR)