Os hotéis cinco estrelas, que são símbolos do luxo na capital fluminense, já anunciaram a retomada das atividades nesse período de flexibilização determinado pelas autoridades municipal e estadual do Rio de Janeiro. O Fasano, por exemplo, retorna no próximo dia 17, mas com operações e serviços limitados e seguindo os protocolos da Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Em comunicado divulgado à imprensa, o Grupo Fasano informou que a reabertura exigirá “nossa avaliação constante para que possamos cuidar da segurança e do bem-estar de nossos hóspedes, colaboradores e da comunidade em geral”.
Realização de testes para a covid-19 nos funcionários, controle de temperatura dos hóspedes feito no momento da chegada ao hotel, circulação em áreas comuns com máscaras e respeitando o distanciamento, orientações aos hóspedes com as melhores práticas de higiene e fornecimento de kits pessoais com máscaras descartáveis e álcool em gel, limpeza de todos os apartamentos e áreas comuns são algumas das medidas de prevenção ao vírus que serão tomadas pelo hotel. Será feita ainda a desinfecção e higienização de pontos de toque frequente, como canetas, maçanetas e botões de áreas sociais e de itens compartilhados, como bicicletas e carrinhos de golfe. Haverá ainda a presença de uma técnica de enfermagem no empreendimento, visualizando rotinas e prevendo riscos de contágio. Os manobristas não serão autorizados a entrar nos veículos.
Do mesmo modo, o Belmond Copacabana Palace, que está fechado para os hóspedes desde o dia 10 de abril, no início da pandemia da covid-19, anunciou a reabertura para 10 de agosto, três dias antes de completar 97 anos. Essa foi a primeira vez que o Copacabana Palace teve o funcionamento interrompido desde sua inauguração, em 1923. Nos quatro meses em que esteve fechado para os hóspedes, apenas dois moradores permaneceram no hotel: a diretora-geral do Grupo Belmond do Brasil, Andrea Natal, que administra o local; e o cantor Jorge Ben Jor, que reside no estabelecimento desde 2018.
Sem garantias
Ao falar hoje (1º) à Agência Brasil, o presidente do Sindicato dos Hotéis do Rio de Janeiro (Hotéis Rio), Alfredo Lopes, informou que, atualmente, 90 empreendimentos localizados no Rio de Janeiro suspenderam as operações, entre os quais grandes hotéis de luxo, como o Sheraton, Fasano, Copacabana Palace, Hilton, Windsor. No início da pandemia, a previsão era que voltassem a funcionar em junho, mas isso acabou sendo adiado.
Lopes esclareceu que os hotéis que estão funcionando no momento têm ocupação muito baixa. Por isso, analisou que essa reabertura, “na verdade, não tem garantia de reservas”. Ponderou que hotéis como o Copacabana Palace e o Sheraton, por exemplo, que têm cerca de 500 funcionários, se não tiverem ocupação mínima de 60% “tomam um prejuízo cavalar”.
Segundo o presidente do Hotéis Rio, está tudo sem segurança nenhuma, porque o Aeroporto Internacional Tom Jobim – RIOgaleão “está desértico. O turismo internacional é zero, tanto de negócios, como de lazer, e a retomada vai se dar pelo mercado doméstico”. Alfredo Lopes lembrou que os viajantes brasileiros estão proibidos de entrar na Europa e nos Estados Unidos.
Por outro lado, destacou que o Rio de Janeiro tem a facilidade de estar do lado de São Paulo, que é o maior emissor nacional, o que sinaliza que este mês, que corresponde às férias escolares, os paulistas que estão há 90 dias presos em casa devem se movimentar em direção a cidades do interior fluminense, como Penedo, no sul do estado, e Paraty, na Costa Verde. “Acho que vai ter alguma coisa para (o município do) Rio, mas ainda é incipiente. As pessoas devem vir de carro, porque estão com medo de entrar em aviões e ônibus. Então, é um reinício lento”, afirmou.
Reabertura gradual
Lopes informou que os hoteis cinco estrelas ou de luxo vão começar a reabrir gradualmente no Rio de Janeiro. Em sua maioria, eles fazem parte de cadeias internacionais que estão em constante comunicação. “Eu acho que a gente tem que reabrir dando a garantia de que o hotel está todo desinfectado e que todas as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus estão sendo tomadas”. Muitos empreendimentos estão buscando os selos de qualidade criados pelas esferas municipal e estadual, que atestam o cumprimento das normas de desinfecção. ”Mas é uma retomada lenta”, disse.
De acordo com o inventário feito pelo Hotéis Rio, a capital fluminense tinha 54 mil quartos até o início da pandemia. Alfredo Lopes assegurou que alguns dos hotéis que se encontram fechados não vão reabrir, o que vai ser uma perda significativa em termos de empregos e de receita para a economia do município. Englobando a cidade do Rio e o estado, estimou que o volume de quartos atinge em torno de 120 mil. Para Lopes, a situação é ainda pior no estado, porque muitos municípios proibiram os hoteis de abrir. “Estão fechados desde março”.
De acordo com o presidente do Hotéis Rio, os hotéis fechados que estão com operações suspensas impactam diretamente em 20 mil postos de trabalho, aguardando a retomada das atividades.