Você sabia que hoje, dia 16 de junho, é comemorado o dia do comerciante. Não é possível determinar quando a atividade se iniciou na história da humanidade. Acredita-se que tenha surgido a partir de escambos na idade antiga, quando determinados grupos trocavam suas produções por outras. Dessa forma, era possível trocar o excesso da produção de uma família com as produções de outras.
Com o passar dos anos, as moedas passaram a ser utilizadas como pagamento dessas “trocas” anteriormente citadas. Esse hábito surgiu com a insurgência das grandes navegações europeias pelo mundo, no século XV.
As moedas surgiram com a intenção de dar dinâmica às trocas. A primeira moeda utilizada que se tem registro é o sal, daí surgiu o termo ‘salário’. Posteriormente o ouro e, por fim, o dinheiro surgiu para facilitar o processo.
Hoje, a forma de comércio está consolidada e altamente tecnológica. Pagamentos com smartphones, pulseiras, cartões de crédito, via internet, tudo evoluiu bastante dentro dessa profissão que perdura ao longo da história.
Bonfilho Antonio: um cinquentenário de profissão
Bonfilho Antonio, comerciante há 52 anos presenciou muitas mudanças. Curiosamente, ele comemora o dia do comerciante junto do seu aniversário de 74 anos. “Amanhã é um dia legal. Vou para a loja, conversando com os funcionários, ver os amigos antigos”, disse ele.
Pai de duas filhas e um filho e avô de três netos, Antonio diz que a vida dele está resumida dentro de sua loja. “Aquele lugar é tudo para mim. Tudo o que aconteceu comigo e o que eu vivi foi dentro daquelas paredes”, disse ele.
Orgulhoso de sua trajetória, Antonio diz não ter arrependimentos. “A única coisa que ainda posso me arrepender é de não poder viver por 100 anos. Conseguir trabalhar por mais tempo. Eu sempre gostei muito do que faço, adoro de verdade”, ressalta o comerciante.
Nesses 52 anos de comércio, ele lembra dois fatos marcantes de sua caminhada. “A primeira coisa que me orgulho e me marcou foi poder ser convidado para ser vice-prefeito da cidade. Além disso, tive a honra de ser presidente de uma empresa dracenense repleta de glórias, a EMDAEP”, lembra Antonio.
Muitas histórias e conquistas marcaram a vida dele, porém uma ele lembra com uma risada sincera: o dia que parou de andar de moto. “Eu tinha um vendedor muito elétrico. Era muito vendedor, mas elétrico. Certa vez tive que emprestar meu carro para um amigo e esse vendedor foi me buscar de moto em casa. Porém, ele chegou correndo com a moto e empinando onde eu o esperava. Resultado disso? Fazem mais de 30 anos que não subo em uma motocicleta”, contou Antonio gargalhando.
Nascido em uma fazenda de Taiuva, cidade próxima a Jaboticabal, na região de Ribeirão Preto, sr. Bonfilho diz que sempre gostou da região de Dracena. “Fui primeiro para Junqueirópolis, depois para Dracena. Meu sobrinho é prefeito de Tupi Paulista. Eu amo esse lugar e essa região”, disse ele.
Ao longo desses anos todos, Antonio acumulou diversos amigos. “O pessoal de mais idade como eu sempre foi meu amigos de tempos e também são ou foram fregueses meus. A gente sempre se acostumou com histórias e amizades. Inclusive, infelizmente, semana passada perdi um grande amigo e um freguês antigo do meu estabelecimento. São fases que temos que passar”, disse ele.
Para ele, aproveitar cada minuto da sua vida foi importante. “Eu sempre aproveitei tudo o que pude aproveitar. Quando mais jovem íamos nas quermesses aos sábados e só voltávamos de manhã, participávamos de tudo um pouco. Eu levo comigo que se não viver a vida, a vida leva você”, disse com os olhos marejados.
Crise econômica causada pela covid-19
Sobre o momento atual do comércio local e nacional, Antonio lembra que nunca viveu uma crise como a que o setor está enfrentando com o coronavírus. “Já passei por muitas crises nos tempos do FHC, do Sarney, mas nenhuma se equipara com o que vem acontecendo agora. O pior de tudo o que passei e o que estamos passando é que em todas elas a bomba estoura em cima do empresário e do comerciante”, explica.
Segundo ele, o ineditismo é grande até por parte dos seus colegas. “Eu nunca tive que encarar o comércio de portas fechadas. O pior de tudo é que temos que acatar e entender o momento. Mas estamos aceitando tudo, nunca havia visto isso”, disse ele.
Para sr. Bonfilho, este é o momento ideal para empresários e comerciantes segurarem as pontas. “É o momento de ter calma, pés nos chão e fazer com que o empresariado pense na frente, no futuro. Agora é esperar a crise passar. Ano passado vi muitas pessoas pegando o fundo de garantia e investindo no comércio. Hoje, é hora de ficar tranquilo e esperar o ano que vem, esperar o Brasil novamente se encaixar”, disse ele.
Otimista em suas falas, Bonfilho Antonio espera um futuro melhor para sua profissão e acredita que será preciso ter força para superar o coronavírus. “Tudo na nossa vida passa. Muitas crises também já passaram e foram superadas. Esta também vai passar, mas será preciso ter calma, pois acredito que vai demorar mais um bom tempo”, concluiu Antonio.