Com o objetivo de incentivar a prevenção contra o câncer de próstata no Estado de São Paulo, a ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo, com o apoio das 20 concessionárias que administram as rodovias paulistas, participa da campanha Novembro Azul. A iniciativa é uma parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU-SP) a fim de conscientizar sobre a importância dos exames preventivos, principalmente durante esse período pandêmico. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), somente para 2020, são esperados 65.840 novos casos, porém podem não ser diagnosticados a tempo por conta do isolamento social. No Brasil, houve uma queda de 70% das cirurgias oncológicas e uma redução de 50% a 90% das biópsias enviadas para análise, estimando-se que entre 50 mil a 90 mil brasileiros deixaram de receber diagnóstico de câncer nesse período.
As ações para a conscientização do Novembro Azul começam nesta terça-feira (3) e vão até o dia 30. Desde então, as concessionárias exibem nos 392 painéis eletrônicos – distribuídos ao longo dos 10,8 mil quilômetros de rodovias concessionadas no Estado de São Paulo – as seguintes mensagens da campanha:
“Cuide da sua saúde”
“Cuide da sua próstata”
Só no Estado, houve um registro de 4.751 internações por diagnóstico de câncer de próstata e 1.712 óbitos pela doença, até agosto deste ano. No ano de 2019, foram 8.476 internações e 3.332 óbitos.
“Este ano tem se mostrado cheio de desafios a serem superados. Como agência fiscalizadora, prezamos pela segurança dos usuários das rodovias, e segurança também é cuidar da saúde. Então, somamos esforços, por meio de parcerias, para ajudar a reforçar a campanha Novembro Azul e trazer a consciência sobre a importância de se fazer exames preventivos contra o câncer de próstata”, afirma o diretor geral da ARTESP, Milton Persoli. Além das mensagens nos 392 painéis eletrônicos, haverá a iluminação na cor azul do prédio da ARTESP, mensagens informativas nas redes sociais e palestras aos funcionários.
De acordo com dados da SBU, um laboratório de alcance nacional apontou uma queda de 18% nos pedidos de exames de PSA (é a sigla para Prostate-Specific Antigens, ou antígenos específicos da próstata em português; um teste para medir a concentração dessa partícula no sangue para verificar a possível presença do câncer de próstata) no período de março a junho de 2020 comparados a março a junho de 2019.
É muito importante que os homens tenham acesso à informação se são do grupo de risco, quando devem procurar o médico e quais problemas podem acometê-los por meio de campanhas educativas como o Novembro Azul. “Graças à ampla divulgação que a mídia tem dedicado ao assunto, particularmente na campanha do Novembro Azul, cada vez mais temos observado que os homens sentem-se motivados a procurar o urologista para a realização do exame periódico da próstata. Mas ainda existe um caminho muito longo a ser percorrido até que o preconceito e o constrangimento sejam vencidos e a doença não diagnosticada precocemente resulte na morte de tantos homens”, diz o urologista Geraldo Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo.
Por 35 anos, o paulista José Carlos Epifânio, 75 anos, realiza os exames de rotina. “No primeiro sinal de complicação, já procurei o médico. Sempre incentivo meus amigos e familiares a se cuidarem para ter uma vida longa e cheia de saúde”, explica.
Em São Paulo, a Secretaria de Estado da Saúde incentiva a realização do exame preventivo de câncer de próstata, fundamental para o diagnóstico e tratamento precoce da doença, e tem serviços à disposição, seguindo todos os protocolos de segurança e prevenção da COVID-19. Há inclusive serviço telefônico para agendamentos de consulta com urologista nos serviços fixos do SUS por meio do programa Filho que Ama leva o Pai ao Ame. O contato pode ser feito através do call center no telefone 0800-779-0000, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Entenda sobres as doenças da próstata
Do tamanho de uma castanha e localizada abaixo da bexiga, a principal função da próstata é produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Ao longo da vida a glândula pode desenvolver três doenças: a prostatite (inflamação), a hiperplasia prostática benigna – HPB (crescimento benigno) – e o câncer.
A prostatite chega a atingir cerca de 30% dos homens. Pode causar ardor ou queimação ou um desconforto durante o orgasmo, esperma de cor amarelada, vontade frequente para urinar etc. A principal causa para a doença são uretrites, como a gonorreia, após relacionamentos com parceiras com infecções ginecológicas e ainda após relação anal sem preservativo.
O coordenador da área de Hiperplasia Benigna da Próstata da SBU, Dr. Ricardo Vita, explica que a doença pode atingir cerca de 50% dos homens acima de 50 anos e provoca aumento da frequência urinária diurna, diminuição da força e do calibre do jato urinário, demora para iniciar a micção, sensação de urgência para urinar, entre outros sintomas. “Além de prejudicar a micção, a HBP pode afetar o funcionamento da bexiga e dos rins, demonstrando a importância de se fazer uma identificação precoce dos sintomas, bem como o tratamento imediato”, destaca.
O câncer, por sua vez, não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, quando em 90% dos casos pode ser curado se diagnosticado precocemente. Ao apresentar sintomas significa já estar numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen.
Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata são: histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio e homens da raça negra. A recomendação da SBU é que os homens, a partir de 50 anos, e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação.