A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (11) uma operação em Pernambuco para apurar o uso de casas lotéricas de propriedade de políticos para lavagem de dinheiro decorrente de crimes de desvio de verba pública e de corrupção. Os envolvidos podem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes a licitações, peculato e corrupção ativa.
Batizada de Mapa da Mina, a ação é realizada em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU). A PF cumpriu 25 mandados de busca e apreensão, sendo 23 na Região Metropolitana de Recife, um em Caruaru e um na cidade de Floresta. Participam das buscas 100 policiais federais, além de auditores da CGU.
“A investigação, iniciada em abril de 2018 com a deflagração da Operação Decimus, identificou que um grupo empresarial comandado por oficial da PM/PE [Polícia Militar de Pernambuco], com atuação na área de vigilância e de serviços gerais, teve crescimento econômico vertiginoso a partir de 2013, a reboque de contratos com entidades públicas municipais, estaduais e federais, mediante dispensas de licitação suspeitas ou processos licitatórios direcionados”, informou a Polícia Federal.
Contratos milionários
Segundo ela, de 2013 até 2020, duas das empresas do grupo receberam aproximadamente R$ 175 milhões dos cofres públicos (R$ 54 milhões de municípios, cerca de R$ 105 milhões de entidades estaduais e R$ 16 milhões de entidades federais).
A PF disse, também, que os indícios colhidos na primeira fase da operação mostram que os políticos investigados atuam em parceria com o grupo empresarial junto a dirigentes de alguns desses órgãos públicos, com o objetivo de direcionar licitações ou sua dispensa em favor de empresas do grupo.
“Apurou-se que as firmas beneficiadas com os contratos públicos milionários – ou outras empresas a elas coligadas – transferem dinheiro rotineiramente para cinco casas lotéricas de propriedade dos agentes políticos envolvidos, mantidas apenas para viabilizar o processo de lavagem de dinheiro, já que as lotéricas não geram lucros reais para seus sócios. As somas transferidas já totalizam mais de R$ 14 milhões, de 2013 até a corrente data”, finalizou a Polícia Federal.
(Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil)