A vacinação contra a Covid-19 é a grande aposta de 2021 para conseguirmos, coletivamente, enfrentar a pandemia do coronavírus e, possivelmente, voltar à normalidade, seja ela como for.
A segunda onda da pandemia no mundo atingiu em cheio diversos países, como os Estados Unidos e a Europa e, embora no Brasil não tenhamos de fato passado por uma primeira onda, há um forte sinal de aumento da pandemia após um período de estabilidade nos meses de setembro e outubro.
Com o retorno aos patamares de cerca de mil óbitos e mais de 50 mil casos diários, o Brasil passou, nesta quinta-feira (7), a triste marca dos 200 mil óbitos e se aproxima dos 8 milhões de casos.
No entanto, mesmo frente a esse cenário trágico, o governo federal ainda não tem uma data marcada para início da vacinação no país. Recentemente, o Ministério da Saúde afirmou que a vacinação começaria, na melhor das hipóteses, em 20 de janeiro, e na pior, em 10 de fevereiro. Contudo, ainda não há uma previsão de chegada das doses da vacina da Oxford, principal aposta do governo na imunização.
Em São Paulo, o governo estadual pretende iniciar a vacinação com a Coronavac no próximo dia 25 de janeiro, a depender da aprovação do imunizante pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pode ainda sofrer atrasos.
Os primeiros a receber as doses da vacina no plano paulista serão os trabalhadores da saúde, os indígenas e os quilombolas. Em seguida, serão quatro fases segundo faixas etárias: idosos com 75 anos ou mais; de 70 a 74 anos; de 65 a 69 anos; e, a quarta e última fase, a ser iniciada no começo de março, em idosos de 60 a 64 anos.
No caso do plano federal, as primeiras doses serão aplicadas nos profissionais de saúde, idosos a partir de 75 anos, população indígena, quilombola e ribeirinha e quem tem mais de 60 anos e vive em asilos ou instituições psiquiátricas, seguido de pessoas com 60 a 74 anos, pessoas com comorbidades, professores, pessoas com deficiência, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Veja abaixo as estratégias de vacinação planejadas nos diferentes países.
*Vacinação disponível para um dos grupos seguintes: trabalhadores essenciais/grupos vulneráveis e de risco para Covid-19/idosos
Neste grupo, os governos priorizaram, dada a disponibilidade de doses, apenas um dos grupos de risco para Covid-19, sejam os trabalhadores de saúde na linha de frente da Covid-19, sejam os idosos e pessoas com comorbidade.
Estão nesta lista Argentina, Costa Rica, Espanha, França, Suíça, Eslováquia, Hungria, Sérvia, Romênia, Bulgária, Lituânia, Estônia, Chipre, Noruega, Suécia, Finlândia e Nepal.
Na Argentina, os profissionais de saúde passaram a receber, desde o dia 29 de dezembro, a vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia.
A Costa Rica também optou por vacinar seus trabalhadores da área de saúde, começando por aqueles que atendem em asilos de idosos, profissionais de saúde no setor público e privado e profissionais autônomos.
Já a Suíça optou por começar com aqueles que são grupos vulneráveis e de risco para Covid-19, o que pode, também, englobar os idosos –a primeira pessoa a receber a dose foi uma idosa de 90 anos com doença crônica.
Vacinação disponível para dois dos grupos seguintes: trabalhadores essenciais/grupos vulneráveis e de risco para Covid-19/idosos
A opção de incluir mais de um grupo prioritário na primeira fase de vacinação foi feita por Estados Unidos, Colômbia, México, Itália, Bélgica, República Tcheca, Polônia e Belarus.
A vacinação conjunta tanto de trabalhadores da saúde quanto de pessoas com maior risco para Covid-19, como idosos com comorbidades, vem sendo aplicada nos Estados Unidos, que já injetou mais de 4,8 milhões de doses de uma vacina contra Covid até esta quinta-feira (7).
No México, primeiro país da América Latina a começar a imunização, no dia 23 de dezembro, a vacina da Pfizer/BioNTech já foi aplicada em mais de 48 mil profissionais de saúde idosos com mais de 60 anos. A expectativa é de completar a vacinação desses dois grupos até o final de março.
A Bélgica, que começou sua vacinação no último domingo (3), uma semana após os outros países europeus, optou por vacinar, em um primeiro momento, profissionais de saúde e residentes de casas de repouso para idosos e os trabalhadores de saúde nos hospitais.
Vacinação disponível para todos os grupos seguintes: trabalhadores essenciais/grupos vulneráveis e de risco para Covid-19/idosos
Para acelerar a vacinação e garantir a proteção de todos os grupos vulneráveis, Canadá, Reino Unido e Kuwait optaram por vacinar, já na primeira etapa de suas campanhas, tanto os profissionais de saúde quanto os idosos e pessoas com maior risco para Covid-19.
No Canadá, onde são aplicadas as vacinas tanto da Pfizer/BioNTech quanto da Moderna, mais de 160 mil doses já foram injetadas em pessoas residentes ou trabalhadores de asilos, idosos com 70 anos ou mais, profissionais de saúde e a população indígena local.
No plano de imunização do Reino Unido, primeiro a ser iniciado em massa segundo os protocolos usuais, a prioridade são os idosos que moram em asilos e funcionários dessas instituições, seguidos de pessoas com mais de 80 anos e profissionais de saúde da linha frente de atendimento à Covid-19.
Recentemente, autoridades de saúde britânicas afirmaram que não será possível pagar por uma vacina em clínicas particulares antes que a imunização dos nove grupos prioritários do governo seja completada, que representam mais de 90% dos mais vulneráveis a complicações ou morte por Covid-19.
Vacinação disponível para três grupos prioritários mais disponibilidade adicional parcial (seleção abrangente de grupos/faixas etárias)
Visando acelerar o processo de vacinação em suas populações, os governos dos Emirados Árabes Unidos, Omã, Grécia e Islândia optaram por ampliar os grupos que receberão as doses das vacinas já disponíveis nestes países.
Os Emirados Árabes Unidos começaram a vacinação em massa de sua população no dia 11 de dezembro, mas já haviam aprovado, para uso emergencial nos profissionais de saúde, a vacina da estatal chinesa Sinopharm, em setembro.
A Islândia determinou dez grupos prioritários para receber a vacina da Pfizer na população de cerca de 360 mil pessoas. Desses, os primeiros três se referem aos idosos residentes em asilos e funcionários dessas instituições e profissionais de saúde na linha de frente da Covid-19. Adicionalmente, serão vacinados também os motoristas de ambulâncias, paramédicos, funcionários da Guarda Costeira, bombeiros e funcionários das forças de segurança.
Adicionalmente a esses países, a China, que iniciou a vacinação em massa em julho dos grupos prioritários, aprovou, em junho, a aplicação da vacina da fabricante CanSino em militares do país.Vacinação universal
No Oriente Médio, Arábia Saudita, Israel, Qatar e Bahrain decidiram aplicar a vacina em suas populações de maneira universal.
Israel, que já aplicou uma dose da vacina da Pfizer em 1,48 milhões de pessoas, possui a maior taxa de doses aplicadas por 100 habitantes do mundo e deve alcançar rapidamente 10% da população vacinada.
Embora toda a população seja abrangida, os palestinos que vivem em território israelense e não possuem documentos israelenses foram excluídos do plano de vacinação.
Na Arábia Saudita, na última segunda-feira (4), centenas de milhares de pessoas foram em direção aos centros de vacinação para receber uma injeção. O país de 33 milhões de pessoas já aplicou cerca de 100 mil doses da vacina da Pfizer. No Qatar, o programa de vacinação universal iniciou no dia 22 de dezembro, ainda sem números de doses aplicadas divulgados.
O diminuto Bahrein, localizado no Golfo Pérsico, ocupa a terceira posição na taxa de doses aplicadas por 100 habitantes no mundo, com 3,75 doses por 100 habitantes, um total de 63.893 doses já administradas.