Implementada pelo calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde em 2014, a vacina contra o HPV é indicada, preferencialmente, para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ou adultos até 26. Aplicada em duas doses, com intervalo de seis meses, a vacina protege contra as infecções do Papilomavírus Humano e, consequentemente, contra o câncer de útero e seus possíveis efeitos, como a infertilidade.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o câncer de útero é a terceira neoplasia mais frequente entre as mulheres no Brasil, acometendo mais de 16 mil por ano. A família do Papilomavírus Humano conta com mais de 150 diferentes subtipos. Nem todos são capazes de causar infecções que levarão a tumores invasivos, mas os oncogênicos estão relacionados a diversos tipos de cânceres, como o câncer de colo de útero. O contágio pelo vírus está associado à prática sexual desprotegida.
Câncer de útero
Segundo o INCA, a doença tem desenvolvimento lento e pode não apresentar sintomas na fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. O exame citopatológico Papanicolau, ou exame preventivo, complementa o arsenal na prevenção do câncer relacionado ao HPV.
Câncer e infertilidade
Uma das consequências do câncer de útero é a infertilidade. De acordo com a especialista em Reprodução Assistida e diretora clínica da Life Search, Cláudia Navarro, ela pode acontecer por motivos diferentes, dependendo do tipo de tratamento indicado.
“A primeira questão é a radioterapia, tratamento mais comum nesse tipo de câncer. Como o tratamento será diretamente no órgão, ele pode ser afetado anatomicamente e causar alguma dificuldade para engravidar no futuro”, diz.
“A segunda é a cirurgia que, dependendo da forma e indicação, pode também causar lesões no órgão, dificultando a gravidez. Há casos, inclusive, de necessidade da retirada total do órgão”, continua. “A terceira, a quimioterapia, embora não seja a rotina, quando indicada, pode comprometer os óvulos da mulher”, finaliza.
Gravidez possível
Cláudia considera que é papel fundamental do médico aconselhar a paciente e orientá-la sobre o congelamento de gametas antes do início do tratamento. “É uma alternativa viável. O procedimento é feito por meio da indução da ovulação, com medicamentos seguros, que possibilita a coleta dos óvulos”, explica a especialista.
Após o tratamento para o câncer, e com plenas condições de saúde, esses óvulos congelados podem ser utilizados de formas distintas. “Primeiro, ela deve recorrer ao parceiro ou doador anônimo para realizar a fertilização in vitro (FIV)”, diz a médica.
“Se o útero foi preservado durante o tratamento para o câncer, ela mesma poderá engravidar. Caso o órgão tenha sido retirado, a paciente pode ainda optar pela barriga solidária”, conclui.