DA REDAÇÃO
Quem nunca ficou com os olhos vermelhos, levante a mão! A vermelhidão ocular, chamada de hiperemia, é uma das queixas oftalmológicas mais comuns.
A boa notícia é que na maioria dos casos é um sintoma que desaparece sozinho e não causa nenhum problema mais sério.
Você pode apresentar vermelhidão ocular depois de um dia de trabalho, estudos, bem como após o uso de computadores e dispositivos eletrônicos em geral, depois de atividades aquáticas, bem como mediante clima seco ou exposição a agentes como a poluição.
Por outro lado, a vermelhidão ocular pode ser um sinal de algum problema oftalmológico mais grave e que precisa de tratamento imediato. Vale ressaltar que quando a hiperemia é acompanhada de outros sintomas, é um forte indício de algo mais sério.
Por isso, com a ajuda da oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, vamos falar mais sobre quais doenças oftalmológicas estão relacionadas à vermelhidão nos olhos.
1- Conjuntivite
Conjuntivite é uma inflamação na conjuntiva. A doença pode ser bacteriana, viral, alérgica ou irritativa. Um diferencial importante da conjuntivite é que, normalmente, os dois olhos são afetados. A vermelhidão vem acompanhada dos seguintes sintomas:
- Ardência
- Coceira
- Sensibilidade à luz
- Acúmulo de secreção
- Inchaço
- Sensação de corpo estranho no olho
Uma ressalva: há três tipos de conjuntivite: viral, bacteriana e alérgica/irritativa. A partir disso, os sintomas podem ser diferentes. A secreção na forma bacteriana e viral costuma ser esverdeada e abundante. Já na alérgica o muco costuma ser mais esbranquiçado e menos abundante.
2- Alergia ocular/irritativa
A alergia ocular também costuma afetar os dois olhos. Nesses casos, há muita coceira, ardência e sensação de areia nos olhos. As pálpebras ficam inchadas e os olhos apresentam lacrimejamento constante.
A alergia ocular pode ser causada por uma reação alérgica a certos agentes como pó, cosméticos, pólen, ácaros etc. Há também os casos em que a alergia é uma resposta irritativa mediada por agentes químicos como produtos de limpeza, cloro de piscinas etc.
3- Olho seco
A síndrome do olho seco é uma condição muito comum, principalmente após os 50 anos de idade, sendo mais prevalente nas mulheres. Essa patologia se caracteriza pela queda da qualidade ou da quantidade do filme lacrimal. A lágrima é responsável por manter a superfície ocular úmida e nutrida. Portanto, qualquer alteração na composição do filme lacrimal pode causar o olho seco.
Além da vermelhidão, que afeta os dois olhos, pode haver:
- Ardência
- Irritação
- Sensação de areia nos olhos
- Coceira
- Sensibilidade à luz
- Dificuldade para ficar em lugares com ar-condicionado
- Dificuldades para ler ou para usar dispositivos eletrônicos
- Embaçamento visual ao longo do dia
4- Blefarite/Meibomite
Quase sempre o olho seco está ligado a problemas na produção e na secreção do meibum, substância gordurosa produzida pelas glândulas sebáceas das pálpebras. O meibum compõe o filme lacrimal e evita a sua evaporação. Essa condição é chamada de meibomite que acarreta também na blefarite, inflamação crônica das pálpebras.
Além da vermelhidão no globo ocular, a pessoa pode apresentar os seguintes sintomas:
- Pálpebras inchadas e vermelhas
- Coceira
- Fotofobia
- Perda de cílios
- Formação de crostas na borda das pálpebras que chega a “grudar” as pálpebras inferiores nas superiores
- Os sintomas afetam os dois olhos e são piores pela manhã
- Secura ocular
5- Uveíte
Pouco conhecida da população em geral, a uveíte é uma causa importante de perda da visão. Trata-se de uma emergência oftalmológica.
A condição afeta a úvea, parte do olho que é composta pela íris, coroide e processos ciliares.
A íris é a parte colorida dos olhos. O corpo ciliar é um conjunto de músculos que controla o cristalino. Finalmente, a coroide é um tecido que reveste a parte interna do olho que se estende desde os músculos ciliares até o nervo óptico, sendo responsável por cerca de 90% da circulação sanguínea nos olhos.
O grande diferencial da uveíte é que na maioria dos casos afeta apenas um dos olhos. Os sintomas surgem de forma súbita. Além da vermelhidão, a uveíte causa:
- Dor ocular importante
- Sensibilidade à luz
- Leve perda visual
O tratamento da uveíte deve ser feito rapidamente para evitar complicações como a catarata e glaucoma de ângulo fechado.
6- Ceratite
A ceratite é a infecção da córnea, estrutura essencial para a visão que fica na parte da frente do globo ocular. Normalmente é causada por micro-organismos presentes em lentes de contato ou em águas contaminadas.
Geralmente, a ceratite afeta um dos olhos, mas pode afetar ambos em casos raros. Além da vermelhidão ocular, a ceratite causa:
- Visão embaçada
- Dor ocular
- Fotofobia
7- Esclerite
A esclerite é a inflamação grave do tecido que envolve o olho (parte branca do olho). É uma doença que requer tratamento imediato e pode causar sérios danos à visão. Pode afetar um ou ambos os olhos. Além da vermelhidão, que é intensa, há presença dos seguintes sintomas:
- Dor ocular intensa
- Lacrimejamento
- Fotofobia
8- Glaucoma de Ângulo Fechado
Glaucoma é um termo geral usado para designar doenças que causam lesões no nervo óptico. Há vários tipos de glaucoma, entre eles o de ângulo fechado.
Esse é o mais agressivo e perigoso tipo de glaucoma, que causa obstrução total da estrutura ocular responsável pela drenagem do humor aquoso, sendo isso fundamental para a estabilidade da pressão intraocular (PIO). O efeito desse processo eleva rapidamente a PIO e pode causar danos irreversíveis no nervo óptico.
Quando o ângulo se fecha, a pessoa pode apresentar vermelhidão ocular repentina. As outras manifestações são:
- Dor ocular intensa
- Dor de cabeça
- Visão turva
- Enjoo
O glaucoma de ângulo fechado é considerado uma emergência oftalmológica e deve ser tratado de forma rápida e adequada.
Conclusão
Como você viu, há várias condições que podem deixar seus olhos vermelhos, das mais inofensivas até as mais graves.
O importante é que você procure um oftalmologista quando há presença de outros sintomas ou ainda quando esse sintoma persistir por muitos dias.