Agricultura:equilíbrio entre processos e produtos
A agricultura é fundamental para a sobrevivência do homem, especialmente quando o assunto é produção de alimentos. Mas não só isso; é da agricultura que vem boa parte da fibra utilizada para a produção de vestimentas, muitos dos remédios utilizados pelas diferentes civilizações, a bioenergia, além de matéria prima para a indústria de papel e celulose, de cosméticos, de pneus, de móveis, tintas, dentre outras.
Um dos temas que mais preocupam a sociedade é a questão da segurança alimentar, tanto no seu aspecto quantitativo como no qualitativo. Garantir alimentos seguros para a humanidade é, talvez, um dos maiores desafios para todos os países do globo.
Ao longo dos anos, para a maioria das espécies cultivadas, constata-se evolução significativa da produção, especialmente devido ao aumento da quantidade produzida por unidade de área.
Melhorar a produtividade com sustentabilidade deve ser o foco central das atenções de todos aqueles envolvidos direta ou indiretamente com a agricultura. Este artigo tem, como ponto central, uma reflexão sobre os produtos utilizados na agricultura em contraste com modelos de produção menos demandantes de insumos externos.
Em tempo não muito distante, além das sementes, utilizavam-se fertilizantes, inseticidas, fungicidas e herbicidas, principalmente, para o suprimento de nutrientes e o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
Atualmente, produtos como os nematicidas, desfolhantes, maturadores, reguladores de crescimento, enraizadores, adubos foliares, aminoácidos, produtos para minimizar estresse abióticos como os efeitos de temperatura supra ótimas ou infra ótimas, para reduzir o impacto negativo de altas radiações e biopotencializadores de plantas, passaram a ser utilizados pelos agricultores brasileiros, visando otimizar a produção.
Será essa a melhor estratégia? Não seria mais adequado o uso de processos que contribuam para minimizar os efeitos dos estresses quer de natureza biótica ou abiótica?
Sistemas de produção mais diversificados, com rotação de culturas, com a inclusão do cultivo de espécies para produção de palha, são mais equilibrados. A palha sobre a superfície do solo contribui para amenizar os efeitos das altas temperaturas e mantém a umidade do solo. Palhas de determinadas espécies vegetais liberam para as culturas sucessoras potássio, nitrogênio, cálcio, magnésio, fosforo e enxofre, principalmente. Algumas espécies são importantes para o controle de nematoides (https://bit.ly/3tcgkPO).
Hoje já se dispõem de cultivares de soja que são resistentes à ferrugem asiática e tolerantes ao percevejo. Com essas cultivares, menos fungicidas e inseticidas são utilizados.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (IMEA), estima-se que do total de recursos demandados para o custeio de um hectare de algodão, aproximadamente 50% são com defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, herbicidas e outros).
Fernando Mendes Lamas- Pesquisador Embrapa