A arte da piscicultura urbana
Tarcila Souza de Castro Silva (Pesquisadora)
Embrapa Agropecuária Oeste
A piscicultura é a criação racional de peixes, que pode ser para a produção de carne/pescado, criação de alevinos ou para fim ornamental. Você, que tem um peixinho em casa, está praticando a piscicultura urbana, sabia?
A piscicultura urbana pode ser feita em aquários, em caixas d´água ou até em lagos artificiais. Existem pessoas que fazem o sistema de aquaponia, aquele feito com a recirculação de água, passando pela caixa de criação de peixes, alguns filtros (que podem ser de pedras, por exemplo) e um sistema que acolhe a produção de hortaliças/temperos. Nesse sistema, os peixes são alimentados com ração e as fezes e os restos de ração tornam-se fertilizantes para as plantas que recebem esses nutrientes pela água que recircula. As raízes das plantas ficam alocadas nessa água, aproveitando-se desses adubos e, consequentemente, limpando a água que retorna para a criação do peixe.
Quem tem aquário também pode aproveitar a água de descarte do aquário, para fertilizar suas plantas, quando das limpezas rotineiras. Esta água é rica em nutrientes. Falando em água, sua qualidade é essencial para manter o peixe bem e saudável. Para o peixe, a água é como o ar que respiramos, com a diferença de que nela o peixe vive, alimenta-se e elimina suas fezes. Por isso, temos que cuidar muito bem dela. Além disso, a temperatura do peixe varia junto com a temperatura da água. Assim, é necessário mantê-la adequada à espécie que está sendo criada, evitando variações bruscas. A temperatura e o pH da água são importantes para a escolha das espécies a serem criadas. Assim, quando for adquirir os peixes, é interessante ter indicações dos vendedores ou se aprofundar sobre o tema.
Dicas para a manutenção de aquários e caixas: Caso a água de abastecimento seja tratada e tenha cloro, antes de usá-la para os peixes, é necessário extrair o cloro colocando a quantidade de água que será trocada em espaço aberto. A água da torneira precisa ficar em torno de quatro horas em local aberto, pode ser no sol, para a eliminação do cloro, que é prejudicial aos peixes. Como alternativa, pode ser usada uma solução de anticloro, vendida em lojas de ornamentais. É importante também que a água limpa tenha uma temperatura próxima da água do aquário/caixa.
Quando for reutilizar o aquário, é necessário desinfetá-lo com água sanitária. Após alguns minutos, enxaguar várias vezes o recipiente, até não ficar resquício do produto químico. O aquário pode ser limpo com água e bucha, evitando-se o uso de sabões.
Uma dica interessante, é o vinagre. Ele retira as manchas que ficam no vidro depois que seca a água. Mas não se pode deixar restos deste produto. Tem que enxaguar muito bem!
A água com temperatura semelhante e sem cloro ou resíduos de produtos deve ser adicionada aos poucos para não estressar os peixes.
Para alimentação dos peixes é necessário seguir as recomendações das embalagens ou dos técnicos para evitar desperdícios e para manter a qualidade da água. É comum parecer que o peixe está com fome. A cada aproximação no aquário/caixa o peixe se agita e parece que está pedindo comida. Normalmente, se não existe um responsável para a alimentação ou uma boa comunicação, os peixes podem ganhar muitas refeições extras.
Lembrem-se: se os peixes mudarem o comportamento, como deixarem de comer ou ficarem mais “quietos”, pode ser que a temperatura não esteja adequada ou que a água esteja muito suja/sobrecarregada.
É preciso limpezas periódicas para manter a qualidade de água e, consequentemente, a vida dos peixes. Essa água também pode gerar mais vida com sua reutilização nas plantas. Pratique a sustentabilidade em casa.