Os avanços das pesquisas em carne carbono neutro e baixo carbono

Em Piquerobi (SP), animais integrados ao plantio de mogno africano

Os avanços das pesquisas em carne carbono neutro e baixo carbono

 

Roberto Giolo- Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

A cadeia da carne bovina sofre pressões internacionais recorrentes, relacionadas a impactos ambientais, desde meados da década de 2000. A principal crítica tem sido que a pecuária brasileira apresenta baixos índices zootécnicos e que parte desta atividade está relacionada ao desmatamento e, por consequência, a carne produzida apresenta elevada intensidade de emissão ou pegada de carbono.

 

A marca Carne Carbono Neutro (CCN®) foi concebida em 2012 exatamente para enfrentar esta crítica, oferecendo a possibilidade de produção de uma carne cujas emissões de metano fossem compensadas pelo sequestro de carbono de árvores implantadas no pasto, além de proporcionar condição de melhor conforto térmico aos animais, estimular o plantio de árvores e contribuir para evitar o desmatamento para incorporação de novas áreas de vegetação nativa ao sistema produtivo.

 

A CCN® é uma marca-conceito desenvolvida pela Embrapa, que visa atestar, por meio de um protocolo parametrizável e auditável, que a carne bovina proveniente de sistemas pecuários com a presença obrigatória de árvores, como sistemas de integração do tipo silvipastoril (integração pecuária-floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (integração lavoura-pecuária-floresta, ILPF), foi produzida em áreas consolidadas com agropecuária, livres de desmatamento e do uso do fogo, e em condições de manejo que asseguram a compensação ou neutralização dos gases de efeito estufa emitidos pelos animais durante o processo produtivo, o bem-estar animal e a qualidade da carne. A logomarca foi depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2013, com versões em inglês e português, tendo o registro definitivo sido concedido em 2016.

 

O protocolo CCN foi validado em oito fazendas nos biomas Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, está associado a sistemas de integração do tipo ILPF e IPF e é baseado nas boas práticas agropecuárias, bem-estar animal, além das práticas mitigadoras de emissão de gases de efeito estufa, rastreabilidade e às boas práticas a serem adotadas nos frigoríficos.

O objetivo é atender às demandas de consumo sustentável e a legislação vigente em relação a aspectos socioambientais, contribuindo diretamente com a agenda ESG, tanto na dimensão ambiental, em especial, com o objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS) nº 13, no combate às mudanças climáticas, como no social e de governança, com o aprimoramento da gestão e transparência no sistema de produção.

 

Esta marca tem um grande potencial de valorização da carne, ao longo de toda a cadeia, desde o produtor até o consumidor, com forte apelo para a sustentabilidade e menor impacto ambiental. Com isso, há uma perspectiva de visibilidade e competitividade nos mercados interno e, principalmente, externo, melhorando a imagem da pecuária do país