A importância das cultivares para a agricultura
Fernando Mendes Lamas-Embrapa Agropecuária Oeste
Cultivares ou variedades de plantas de diferentes espécies vegetais destinam-se à produção agrícola e resultam de programas de melhoramento vegetal conduzidos pela pesquisa pública e/ou privada. Os programas de melhoramento vegetal são de longa duração, sendo que a obtenção de uma cultivar leva de oito a 12 anos, para espécies anuais, e de 20 a 30 anos, para espécies perenes (fruteiras, videiras e florestais).
Desde os primórdios da agricultura, o homem buscou melhorar “as sementes” que utilizava. Sementes melhoradas tiveram e ainda continuam a ter, papel da maior relevância para agricultura em todas as partes do mundo. Pesquisadores brasileiros há muitos anos trabalham com o melhoramento genético das principais espécies cultivadas.
O Brasil, país de dimensão continental, caracteriza-se por uma enorme variabilidade, especialmente de solo e clima. Esta variabilidade exige que se desenvolva cultivares das diferentes espécies adaptadas aos diferentes ambientes. Assim, é possível cultivar soja no Rio Grande do Sul, em Mato Grosso, no Maranhão, na Bahia e em Roraima.
O trabalho de pesquisa desenvolvido no Brasil, além de proporcionar a obtenção de cultivares, adaptadas às mais variadas condições de clima e solo, incorporou tolerância e resistência a pragas e doenças, permitindo assim cultivos em ambientes os mais diversos possíveis. Graças ao avanço do conhecimento já dispomos de cultivares com características diversas, por exemplo, tolerantes a herbicidas, a pragas, a doenças e a nematoides, que produzem fibra com diferentes tonalidades e com ciclos diferentes.
Em resumo: boa parte do sucesso de um empreendimento agrícola depende da escolha correta da cultivar ou hibrido. A cultivar ou híbrido, de forma isolada, não é capaz de suplantar todas as limitações impostas pelo ambiente, por isso é fundamental o conhecimento sobre as diferenças entre as cultivares disponíveis no mercado.